Greve na manutenção da TAP

Os vários sindicatos sectoriais da TAP têm vindo a assinar novos acordos de empresa (AE) com a administração da TAP, incluindo alguns ganhos e recuperações de salários e direitos depois dos cortes drásticos impostos por ultimato (“acordos de emergência”) a pretexto da pandemia.

Contudo, desde a entrada em vigor dos novos AEs, os trabalhadores notaram que tardava a sua tradução nas folhas de salário.

A administração justificava os atrasos com a necessidade de adaptar os sistemas técnicos às numerosas alterações contratuais. Mas a justificação começou a ganhar barbas.

O Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves (SITEMA) entregou em final de Maio um pré-aviso de greve a todo o trabalho prestado entre 21 e 28 de Junho e 5 e 12 de Julho, e ao trabalho suplementar e às deslocações em serviço a partir de dia 18 de Junho por tempo indeterminado, caso a administração não cumpra o negociado até lá.

Na realidade, sabe-se agora que a administração foi posta sob pressão pelo governo, por sua vez posto sob pressão por… Bruxelas ⎼ por ter ultrapassado o “rácio limite” entre massa salarial e receitas do “plano de reestruturação” aprovado por Bruxelas.

O dispositivo que estrangula os direitos de quem trabalha é uma teia de fios urdida entre a Portela, São Bento, Bruxelas e Franqueforte (sede do BCE). A sua função: organizar a compressão dos direitos dos trabalhadores, baixar as despesas do Estado e garantir os lucros do patronato.

Noutro local se refere a luta dos trabalhadores das OGMA de Alverca, privatizada há anos à Embraer. Também nas OGMA operários e técnicos de manutenção se batem por actualizações salariais decentes. Uma conclusão salta à vista: para romper a teia insidiosa do patronato, governo e instituições nacionais e internacionais, frequentemente com a ajuda de sindicatos amarelos criados expressamente às ordens do patrão para impor “acordos” inaceitáveis, é imperativo reconstituir e fortalecer a rede de organização e resistência conjunta dos próprios trabalhadores, com os seus delegados, sindicatos e comissões de trabalhadores, entre sectores, entre empresas, à escala nacional.