O hábito faz o monge

Mário Centeno vestiu com entusiasmo a casaca de governador do Banco de Portugal ⎼ nome algo pomposo do contínuo que traz as ordens do Banco Central Europeu para o Terreiro do Paço.

Centeno fizera severas e inusitadas admoestações ao governo (do seu partido; como referido n’O Trabalho) antes da elaboração e aprovação do orçamento para 2024. Pusera Costa em guarda contra qualquer aumento das “despesas permanentes”; em português corrente: dos salários e dos efectivos na saúde, no ensino e na justiça.

Agora (7 de Junho), Centeno avisa solenemente governo e oposição, “por igual”, que “vê Portugal a entrar em 2025 com um hiato” de pelo menos três mil milhões de euros nas contas públicas”.

Que nova aparição teve Centeno? A “entrada em vigor (em pleno) das novas regras orçamentais europeias coloca Portugal numa situação “desafiante””. Recalca Centeno: atenção, que estão “fora deste exercício as diversas medidas com impacto orçamental significativo ainda em fase de negociação que abrangem mais de 220 mil trabalhadores da administração pública, os planos de emergência nas áreas da saúde e habitação, entre outras medidas setoriais de menor dimensão.

Segundo o Observador, que relata a conferência de imprensa do governador, Centeno falou de “medidas restritivas”, necessário aplicar, ainda por cima, “numa fase descendente do ciclo económico (…) que pode estar no horizonte”. No entanto, “o Banco de Portugal não usou a palavra austeridade”. Para bom entendedor…