Gaza: 40.000 mortos… “e sem dúvida muitos mais“

Atingimos mais um sinistro marco”, escrevia o The Washington Post a 16 de Agosto, um dia depois de as autoridades de Gaza terem anunciado que dez meses de genocídio israelita tinham causado mais de 40 mil mortes na população. “E provavelmente muitos mais”, diz o Courrier international (16 de Agosto), pois estes números só consideram os mortos contabilizados pelos hospitais… não os milhares de corpos sepultados nos escombros.

Mas que interessa isso ao imperialismo americano! A 13 de Agosto, o Departamento de Estado norte-americano aprovou um novo negócio de armas no valor de 20 mil milhões de dólares (incluindo 50 aviões F-15, esses mesmos que semeiam o terror em Gaza). “A vossa mensagem de apoio e de compromisso com a segurança de Israel é clara”, congratulou-se o ministro da Defesa de Netanyahu. Muito clara mesmo, quando a diplomacia americana finge, no Qatar, procurar um acordo para uma “trégua” em Gaza.

Quanto ao Irão ⎼ que não deu resposta militar à altura dos ataques israelitas que sofreu ⎼ , o país está a sofrer pressões intensas de… Biden e Putin.  “Estranhos pacifistas”, ironiza Le Canard enchaîné (14 de Agosto), ”subitamente associados”, pois ”o objectivo de Washington e de Moscovo é fazer com que a resposta iraniana (…) seja simbólica e limitada”. Hão-de salvar o Estado de Israel, peça central da ordem mundial imperialista desde 1948, aqueles mesmos de quem se parte do princípio de que estão em guerra entre si na Ucrânia.

Não serão chefes do Partido Democrático dos EUA quem parará Netanyahu e o seu bando de genocidas. Em contrapartida, aparecem entre os solados israelitas primeiras ⎼ ainda modestas ⎼ fissuras.  Pela primeira vez em dez meses de massacres, um grupo de quarenta reservistas manifestou a sua opção de recusar combater em Gaza. “O grau de destruição que vocês lá estão a deixar é insano, realmente insano”, diz um deles. “A nossa consciência não nos permite sustentar tal falta de respeito pela vida humana”, refere o apelo dos reservistas.

[adaptado do nº 453 de La Tribune des travailleurs]