Que medidas repressivas está Milei a tomar contra os sindicatos e organizações populares?
Desde o primeiro dia, o governo tem reprimido ferozmente as organizações populares. A ministra da Segurança, Patricia Bullrich, impôs um “protocolo” que proíbe as manifestações de rua e tudo o que impeça o “direito de circulação”. Escusado dizer que esta nova “ordem urbana”, aprovada por todos os políticos burgueses, se transformou em arbitrariedade policial, reprimindo-se toda e qualquer acção de protesto de rua, grande ou pequena, e pondo-se entraves às assembleias de trabalhadores e eventos culturais.
Um dos incidentes mais graves ocorreu em Junho, quando aprovaram a Ley Bases (pacote de medidas de desregulamentação, privatização e atentados aos direitos democráticos). Com repressão feroz, o governo organizou uma caça ao homem contra os manifestantes em todo o centro da cidade de Buenos Aires, até de madrugada. Mais de trinta manifestantes foram detidos, dois dos quais ainda estão presos. Javier Milei declarou no Twitter que se tratava de um “golpe de Estado”. Os manifestantes foram acusados de “sedição” e “terrorismo”.
O corolário da política de austeridade de Milei é este plano deliberado, político, judicial e mediático, de repressão do descontentamento popular e dos protestos sociais.
A sede do Partido Obrero em Buenos Aires foi alvo de uma rusga no dia 3 de junho. Que ameaças pesam sobre o vosso partido?
A rusga está relacionada com as dezenas de processos instaurados às organizações de desempregados. Contrapusemos sermos um partido legal, cujas actividades são públicas. Por iniciativa da Frente de Esquerda, apresentou-se recurso para o Tribunal Inter-Americano dos Direitos do Homem, com o apoio de deputados do partido de Kirchner, do Partido Socialista e das forças centristas (1).
O governo efectuou mais de cento e vinte rusgas a sedes de organizações de desempregados e processou dezasseis camaradas. Vários deles foram condenados a penas de prisão. Bullrich declarou: “Acabaram os piquetes!(2).
Na origem deste ataque está a vontade do governo de desmantelar o sector independente do movimento “piquetero” (o sector que não foi co-optado pelo antigo governo Kirchner), que convoca manifestações de massas e organiza os sectores mais desfavorecidos.
Os processos judiciais contra as organizações populares são tentativas de manchar as suas lutas legítimas na lama da corrupção capitalista. Há camaradas, de dirigentes a cozinheiros de sopa dos pobres, acusados de desvio de dinheiros públicos. A realidade é ao contrário. É o Estado capitalista que deve ao povo, e é a organização dos trabalhadores que permite a estes sobreviver. Nos últimos dias, um procurador acusou o Polo Obrero(3) de ser uma “associação ilícita”, prolongando a escalada para a criminalização e ilegalização. Convidamos os leitores a dar a conhecer a situação e a assinarem a petição pelo fim da repressão (4).