“Esta Guerra Não é Nossa!”

Di-lo um jovem soldado russo, prisioneiro na Ucrânia. Dizem-no cada vez mais trabalhadores, soldados mobilizados, desertores, refractários, mulheres e mães de soldados, militantes operários e activistas anti-guerra, na Rússia como na Ucrânia.

Fontes: La Tribune des travailleurs, Les Echos, Assambleia,

Têm 19 ou 21 anos: jovens russos, ao monte na prisão de Sumy, na Ucrânia.

A Radio France (22 de Agosto) conseguiu-lhes acesso. Conta um soldado que “estávamos na fronteira a cumprir o serviço militar”, quando os bombardeamentos ucranianos começaram, em 6 de Agosto. “Dispersámo-nos pelos bosques, em pânico. Ficámos quatro dias escondidos, sem comer. Depois os ucranianos encontraram-nos”.

Um deles tira a seguinte conclusão: “Esta guerra não é nossa, é dos nossos dirigentes. A única coisa que a gente espera é poder voltar para casa”.

O exército ucraniano, equipado pela NATO, tomou o controle de mais de mil quilómetros quadrados de território russo. Durante a ofensiva, muitos recrutas russos, como Daniil Rubtsov, de 19 anos, caíram.

No enterro de Daniil, a mãe, virando-se para os oficiais presentes, vociferou: “Os nossos filhos não devem nada ao vosso Estado. Nós é que os trouxemos ao mundo, nós é que os criámos, e vocês agora entregam-no-los em caixões de zinco!” Os representantes de Putin pediram à mãe de Rubtsov que “manifestasse as suas emoções menos ruidosamente”. Na frente ucraniana, o soldado Stanislav Vitort, de 30 anos, pai de quatro filhos, gravemente ferido nas pernas e num olho, afirma que os oficiais o querem obrigar a ir outra vez combater. A esposa denuncia, num canal anti-guerra da rede Telegram, que “mandá-lo combater é assassínio. Ele ainda anda de muletas e querem mandá-lo para a frente de batalha. Já nem disfarçam que não querem saber das famílias para nada, querem é mandá-los para o matadouro”.

Empresas americanas, principais beneficiários da guerra na Ucrânia

Quem lucra com a guerra na Ucrânia? Quem lucra com o genocídio em Gaza?

O jornal francês Les Echos (edição de 6 de Agosto), órgão do patronato, di-lo sem rodeios: “Os industriais da defesa nunca tiveram carteiras de encomendas tão recheadas. Os grupos apresentam margens de lucro excelentes, mas mantêm-se atentos a eventuais restrições orçamentais. As empresas americanas são as principais beneficiárias da guerra na Ucrânia. (…) Não há empresa que, no primeiro semestre de 2024, não registe um crescimento da carteira de encomendas inferior a dois dígitos. Assim na Europa como nos EUA. Não é para admirar. Em 2023, as despesas militares atingiram um máximo histórico de 2,3 biliões (milhões de milhões) de dólares à escala mundial, em alta pelo sexto ano consecutivo, num contexto geopolítico cada vez mais ameaçador.”

Que têm a dizer sobre isso Pedro Nuno Santos e Mariana Mortágua, cujos deputados “de esquerda” ao Parlamento Europeu votaram, nos últimos dois anos e meio, resolução após resolução não só de apoio à guerra da NATO na Ucrânia, mas de exigência que os governos europeus gastassem mais e mais dezenas de milhares de milhões de euros para armar até aos dentes o exército da Ucrânia e rearmar os exércitos dos países europeus ⎼ à custa das despesas sociais, da saúde, do ensino e da habitação?

A invasão da Rússia pela Ucrânia/NATO

Foto: incursão ucraniana em Kursk.

E que têm esses (e outros) grandes defensores do “direito internacional” e da “legalidade democrática”, esses fulminantes denunciadores da ilegalidade da invasão russa da Ucrânia, a dizer sobre… a invasão da Rússia por tropas da Ucrânia/NATO?

Nada, que se saiba.

Desde o princípio desta guerra, temos dito que, na Ucrânia, na Rússia, em Portugal e em todo o mundo, o interesse dos trabalhadores está em dizer: