
A ofensiva genocida do Estado de Israel contra Gaza, a Cisjordânia, agora o Líbano e a Síria, procurando puxar o Irão e todo o Médio Oriente para a guerra, não é o mero produto da mente tresloucada de Netanyahu, de um cão raivoso disposto a mergulhar a humanidade inteira nas chamas da guerra mundial e da destruição.
Em 1986, o então senador Joe Biden declarara ser Israel “o melhor investimento de três mil milhões de dólares [por ano] que nós fazemos. Se não houvesse Israel, os Estados Unidos teriam de o inventar para proteger os seus interesses naquela região.”
Netanyahu é o imperialismo em acção, o símbolo dos abismos de degradação e destruição que o capitalismo decadente reserva à humanidade, se não for derrubado.
Também nos próprios países imperialistas, tudo se prepara para a guerra social aberta do capital contra os trabalhadores.
Em todo o lado, destroem-se os serviços de saúde, afunda-se o ensino público, sabotam-se os sistemas públicos de pensões, degrada-se a infra-estrutura, sacrifica-se o direito à habitação no altar da especulação imobiliária.
Uma das maiores empresas industriais do mundo, a Volkswagen, rescinde a promessa de não despedir e não encerrar fábricas na Alemanha. Enquanto isso, a Comissão Europeia anuncia com pompa um relatório sobre o “futuro da competitividade”, encomendado ao banqueiro Draghi. O seu teor: a “Europa” tem de se desembaraçar da indústria obsoleta, aumentar a “produtividade” e preparar-se para a guerra.
Se, em França, o presidente nomeia um primeiro ministro ultra-minoritário negociado com a extrema-direita, em Portugal, Marcelo manda o governo aprovar o orçamento com o Chega, para ver se se anda para a frente com o dinheiro do PRR de que os patrões precisam e com as privatizações-pilhagem.
No caos crescente gerado pela política de guerra, em todo o lado o grande capital financia, para o que der e vier, partidos de extrema-direita, à sombra dos quais se perfilam e acoitam os batalhões nazifascistas dos Mários Machados de todas as nacionalidades.
Um único factor de ordem e de esperança resta: a organização e a resistência das classes trabalhadoras e dos povos oprimidos de todo o mundo.
É cada vez mais visível para todos que, na luta pelos seus direitos elementares e reivindicações vitais, por mínimas que sejam, os trabalhadores já quase nada conseguem obter ou sequer manter, enquanto o poder continuar nas mãos do grande capital e dos seus operadores políticos.
As “concertações sociais” e as infindáveis “mesas de negociação” (para onde a ministra da administração interna de Montenegro “mandou” os sapadores bombeiros que ocuparam a escadaria de São Bento) servem apenas para entreter os representantes dos trabalhadores enquanto os governos e o patronato vão apertando o garrote da guerra e da exploração.
As direcções sindicais e políticas que têm representado os trabalhadores devem, pois, mudar de rumo ou ser substituídas. Rompam definitivamente com o capital e os seus partidos e retornem à conclusão primeira do movimento operário, de que “a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores” (e não da conversa com os partidos dos patrões), façam seus os métodos para lutar e vencer, em primeiro lugar a união à escala nacional e internacional (trabalhadores de todo o mundo, uni-vos!), a greve até vencer, a imposição da relação de forças do número e da organização.
As direcções que não o fizerem merecem ser substituídas por novas direcções de combate, que recusem a colaboração de classes e se batam por um governo dos próprios trabalhadores, pela expropriação do grande capital, pela socialização dos grandes meios de produção, pelo socialismo.
Esse é o combate da plataforma por um Partido dos Trabalhadores, que edita este jornal.