As propostas de tréguas em Gaza apresentadas por um dirigente do Hamas ao semanário americano Newsweek, a 6 de Novembro, foram ignoradas por Netanyahu. Na véspera, o primeiro-ministro israelita tinha demitido o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, que tinha afirmado que Israel tinha “atingido os seus objectivos de guerra”. Assim, sugeriu que se pusesse fim à intervenção em Gaza. Gallant era conhecido por ser um aliado de Biden.
A política de Netanyahu, desde 7 de Outubro de 2023, tem sido a de usar a força para travar uma guerra total. Recordemos as revelações de Haïm Rubinstein, porta-voz do Fórum das Famílias dos Reféns Israelitas em Gaza, segundo o qual, “já em 9 ou 10 de Outubro (2023), o Hamas tinha proposto libertar todos os reféns civis em troca da não entrada do exército israelita em Gaza” (Times of Israel, 24 de Maio de 2024). Recusado!
Mas agora que as eleições americanas terminaram, Netanyahu sabe que “tem carta-branca até 20 de Janeiro, data da tomada de posse do 47º Presidente dos Estados Unidos, para prosseguir a sua guerra total como bem entender. (…) Isto permitir-lhe-á efetuar a limpeza étnica (…).
Todos, liderados pelos Estados Unidos, precisam demasiado do Estado de Israel para impor a sua “ordem” na região…
Em Gaza, no Líbano e, resta saber, talvez no Irão, os próximos dois meses serão provavelmente terríveis” (France Inter, 8 de Novembro).
Para mostrar que faz o que quer, como quer, Netanyahu até se deu ao luxo de humilhar Macron. Ordenou à polícia israelita que prendesse dois gendarmes franceses em Jerusalém, durante a visita oficial do ministro dos Negócios Estrangeiros francês. Não faria bem em não o fazer: nem Macron nem nenhum governo se lhe oporão. Todos eles, liderados pelos Estados Unidos, precisam demasiado do Estado de Israel para impor a sua “ordem” na região. Mas, mesmo entre os apoiantes incondicionais do Estado de Israel, há quem comece a preocupar-se seriamente. Afinal, a loucura genocida de Netanyahu não vai parar os palestinianos e os libaneses. Por outro lado, o Governo israelita está empenhado numa corrida desenfreada que ninguém sabe até onde irá.