
Em meados de Janeiro de 2025, apontávamos, no jornal “O Trabalho”, sob a palavra de ordem “Montenegro, Rua!”, a urgência de derrubar o governo Montenegro. Nessa altura, todos os partidos parlamentares estavam comprometidos com a sua continuação ou a ela resignados. Podia parecer utópico.
Dizíamos nós que “o ressurgimento das massas mostra a via, a única para sairmos do impasse: — Só há uma maneira de “nunca mais nos encostarem à parede”— Só há uma maneira de os trabalhadores e os jovens conseguirem um tecto seguro— Só há uma maneira de poderem ir ao médico ou à urgência quando precisam e de serem tratados. — Só há uma maneira de aumentarem salários e não perderem constantemente poder de compra — Só há uma maneira de evitarmos ser engolidos pela voragem da guerra — Só há uma maneira de lutar por uma “vida justa” — Só há uma maneira de salvar as conquistas de Abril, mesmo as mais elementares. Essa maneira reduz-se hoje a duas palavras: “MONTENEGRO, RUA!” Sem isso, todas as saídas estão tapadas.”
Dois meses depois, Montenegro foi, de facto, para a rua. Não foi lá posto directamente pelo movimento de massas, apesar das numerosas greves e lutas havidas nestes meses. O governo enredou-se e tropeçou na teia de mentiras e aldrabices que era a sua essência. Apodreceu pela cabeça, na pessoa do seu chefe, o avençado de casinos Luís Montenegro, Luso-Trump de aviário.
Era um governo fraco, mantido no poder por um pacto de não agressão unilateralmente subscrito pelo PS. A direcção do PS, o presidente da República e o Chega revezaram-se para que o governo não caísse e continuasse a sua obra: uma obra de destruição metódica do SNS, de precarização total do trabalho, de despejo dos trabalhadores das cidades, de super-exploração dos trabalhadores imigrantes, de empobrecimento geral da população em prol de um punhado de “investidores” nacionais e estrangeiros e de arrastamento subserviente para a guerra imperialista de Trump e Musk.
Para os trabalhadores, a queda do governo Montenegro é, disso não resta a mais pequena dúvida, um bem.
No entanto, a questão que todos põem é: e agora?
Em Maio, haverá novas eleições legislativas. No ponto de vista da esmagadora maioria da população, os trabalhadores, é bastante claro o que um governo que os servisse deveria fazer:
— decretar um aumento geral de salários que compensasse a perda de compra real dos últimos 20 anos, repor a contratação colectiva, eliminando a caducidade dos contratos, eliminar a precariedade, garantindo contratos de trabalho para todos;
— tirar o país da NATO e da marcha para a guerra para onde nos pretendem arrastar a UE e a NATO às ordens de Trump/Musk;
— municipalizar os solos urbanos, expropriar o alojamento devoluto que é propriedade de especuladores nacionais e estrangeiros e alojar todas as famílias trabalhadoras e os jovens hoje privados de um tecto digno;
— afectar ao serviço nacional de saúde as verbas necessárias para ele poder funcionar em pleno, com o pessoal médico e de saúde necessário;
— acabar com o pagamento aos bancos internacionais da dívida “pública” e aplicar um grande plano de investimento na saúde, ensino e habitação que responda às necessidades das populações.
Para termos um governo dos e para os trabalhadores, é preciso que os partidos que reclamam representá-los rompam com os partidos burgueses, a União Europeia e a NATO, para poderem aplicar estas medidas fundamentais.
As direcções do Partido Socialista, do PCP e do BE não só não o têm feito, como têm aceitado governar às ordens do presidente e de Bruxelas, aplicando, durante a „geringonça“, as mesmas políticas de austeridade ao serviço do grande capital nacional e internacional e opondo-se, sempre, à unificação das lutas de todos na greve geral contra os governos do capital.
A plataforma por um Partido dos Trabalhadores apela à juventude e aos trabalhadores: à destruição e à guerra que o decadente capitalismo imperialista nos impõe temos de opor o caminho da paz, do socialismo e da fraternidade internacional dos trabalhadores.
É tempo de construirmos o partido e a Internacional dos trabalhadores que nos ajude a organizar-nos para o conseguirmos.
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