Contra a Guerra e a Exploração

Viktor Sydorchenko, militante ucraniano da
União da Esquerda Pós-Soviética

Mandados à força
para debaixo do cutelo ensanguentado da guerra

O vosso governo pede-vos para abandonarem as vossas reivindicações, diz que a prioridade é continuar a fornecer armas à Ucrânia e enviar tropas para pretensamente apoiar o povo ucraniano contra Putin.

Porém, a verdadeira questão é: a que capitalistas pertencerão os bens da Ucrânia depois da guerra que já custou a vida a centenas de milhares de trabalhadores dos dois lados da frente? Aos americanos, aos europeus, aos russos ou aos ucranianos? A guerra exacerbou os antagonismos de classe. O regime de Zelensky ficou desacreditado com o recrutamento forçado da população.

Os milhares de milhões de dólares dos países da NATO criaram uma classe de milionários enriquecidos pela corrupção, enquanto os civis que não podem pagar subornos são mandados à força para a frente, para debaixo do cutelo ensanguentado da guerra.

Em Setembro passado, o Financial Times publicou um artigo sobre as baixas, essencialmente entre novos recrutas. O oficial e jornalista Volodymyr Boyko revelou que o número de desertores se eleva a 200 mil. 

Quando, no dia 13 de Março, foi assassinado o nacionalista Demyan Ganul, que participou na caça aos desertores e refractários, aterrorizando a população de Odessa, Zelensky anunciou que se encarregaria pessoalmente do inquérito. Isto, enquanto negava o cerco de milhares de soldados em Kursk. Assim são as prioridades de Zelensky. As vidas de milhares de soldados valem menos do que a de um nacionalista, de um camisa negra dos tempos modernos. O desmoronamento da URSS foi a maior tragédia para o povo ucraniano, a restauração do capitalismo no espaço pós-soviético soou como uma condenação! Viva a solidariedade dos trabalhadores ucranianos e russos, sim à confraternização!

Aleksandr Voronkov, militante russo da
União da Esquerda Pós-Soviética

Resistência à agressão russa e oposição à NATO

A Ucrânia tornou-se num campo de batalha dos imperialismos, e é inegável que os dirigentes russos têm nisso responsabilidade. A luta pela mudança política na Rússia é uma tarefa importante para os internacionalistas.

As raízes da política da Federação Russa remontam a 1991-1993, à criação de um regime capitalista autoritário. A solução passa pela democratização e pela socialização.

Nas zonas contestadas, as populações devem determinar livremente o seu destino através de referendos, com a participação dos refugiados, e a zona de conflito deve ser desmilitarizada. Devem cessar as discriminações baseadas na nacionalidade, e os direitos linguísticos devem ser restaurados; os falantes da língua ucraniana e os cidadãos ucranianos não devem sofrer nenhuma discriminação. Os criminosos de guerra devem ser julgados e as vítimas indemnizadas. Não pode haver responsabilidade colectiva dos povos.

A oposição de direita é mais militarista do que o regime actual e é-nos completamente estranha. A oposição de esquerda tem conhecido progressos. Surgem novas iniciativas e organizações, como a União da Esquerda Pós-Soviética. Manifestamos o nosso apoio pleno a estas organizações e estamos prontos a cooperar.

Combatemos pela libertação de todos os presos políticos, com excepção dos criminosos de guerra e dos nacionalistas. A expansão da NATO para leste fez aumentar as tensões e contribuiu para a destabilização mundial. Condenar a agressão russa não nos pode fazer apoiar a agressão de outros países. Lutar pela paz tanto implica resistir à agressão russa como opor-se à estratégia imperialista da NATO.