Apelo da Federação Geral dos Sindicatos Palestinianos (PGFTU) em Gaza às organizações sindicais dos Estados Unidos, nas vésperas do Dia Internacional dos Trabalhadores (excertos)

Nas vésperas do dia internacional dos trabalhadores, jornada de unidade e solidariedade contra a opressão e a exploração, saudamos-vos. (…)
Há mais de dezasseis meses que Gaza é submetida a um ataque brutal, que trouxe a morte a dezenas de milhares de civis inocentes, entre eles milhares de trabalhadores, bem como a destruição sistemática das infra-estruturas, das casas, dos hospitais, das escolas e das fábricas (…)
Há uma perigosa escalada do genocídio. A ocupação prossegue a sua política de manter colectivamente a população à fome, encerrando os pontos de passagem para impedir a entrada de ajuda humanitária, assim expondo o nosso povo ao risco de fome de massa. Enquanto isso, a comunidade internacional permanece impotente, silenciosa e até cúmplice deste crime contra a humanidade. (…)
Caros camaradas, esta guerra não teria sido possível sem o apoio ilimitado dos Estados Unidos à ocupação, fosse por financiamento, pela ajuda militar, pelo apoio político e diplomático, fosse pelos contratos do armamento que matam as nossas crianças, mulheres e idosos. A administração americana de Trump prosseguiu o que a administração anterior tinha começado, tornando-se cúmplice directa do genocídio (…).
Por isso vimos apelar para vós, sindicatos americanos, para que traduzam a vossa solidariedade em acções, mais do que declarações e discursos, para exercerem realmente pressão para acabar com esta guerra suja.

Apelamo-vos hoje para:

  1. aumentarem a pressão nos locais de trabalho e instituições para pôr termo ao apoio militar, financeiro e diplomático que a administração americana dá à ocupação (…);
  2. aderirem e dilatarem as campanhas de boicote dirigidas contra as empresas israelitas e seus apoiantes, em especial nos sectores do transporte marítimo e da logística. (…);
  3. intensificarem a acção sindical nos portos e aeroportos para bloquear os fornecimentos de armas a Israel, seguindo o exemplo do boicote sindical contra o regime do apartheid na África do Sul (…);
  4. apoiarem e coordenarem o vosso trabalho com o movimento estudantil nos Estados Unidos, que está a sofrer forte repressão (…);
  5. apelarem a greves gerais e à desobediência civil para denunciar a cumplicidade do governo americano com a guerra e responsabilizá-lo pelos crimes da ocupação, como o movimento operário já fez no passado contra as guerras imperialistas;
  6. exercerem pressão sobre o Congresso e a administração dos EUA para que estes cessem o fornecimento de armas e a ajuda militar a Israel (…).

Afirmamos que a vossa luta pelos direitos dos trabalhadores nos Estados Unidos é inseparável da nossa luta contra a ocupação e o colonialismo (…). Juntos, podemos quebrar os grilhões da ocupação, pôr termo à opressão e construir um mundo mais justo e mais humano.

Viva a unidade e a solidariedade dos trabalhadores!

Viva a luta dos povos pela liberdade, pela dignidade e pela justiça!

Bashir Al-Sissi,
Secretário-Geral da Palestinian General Federation of Trade Unions (Gaza).