CRISE, PÂNICO, ELEIÇÕES – Tempo de o movimento operário se reorganizar

Ninguém sabe em que vai dar a guerra aduaneira e todas as outras guerras que Trump alimenta ou prepara. Os “mercados”, em constante sobe-e-desce, estão em pânico. Nas bocas do mundo, o medo da recessão, da depressão, da guerra.

Na revista teórica da alta finança, The Economist, sucedem-se as capas sobre o possível “colapso do dólar”, a “era do caos”, “o dia da ruína” (referência ao dia da “libertação” de Trump, quando leu a pauta dos direitos aduaneiros com que castigava a concorrência). A revista liberal alemã Der Spiegel pergunta (duvidando) se Merz e von der Leyen, de camuflado na capa, estarão prontos para a guerra.

Com a queda do governo Montenegro, que, como o peixe, morreu podre pela cabeça —busca agora a ressurreição — haverá novas eleições legislativas em 18 de Maio.

Como notou o próprio avençado, todos os partidos concorrentes estão, lamentavelmente, em processo de acelerada montenegrização: unânimes na sujeição à UE, na sujeição à NATO, na sujeição à guerra (ver páginas seguintes).

Também aqueles que se dizem defensores dos trabalhadores e da juventude se “social-montenegrizam” a olhos vistos: uns, com vírgulas, outros, deitando uma lágrima – mas unânimes na sujeição à UE, na sujeição à NATO, na sujeição à guerra. Alguém pode contestar seriamente que o sistema mundial do imperialismo já só oferece ruína, miséria, guerra? A perspectiva de novos fascismos e guerras mundiais, a destruição de povos inteiros, como o palestiniano?

Que alternativa, então?

A tarefa que se põe aos trabalhadores conscientes e aos jovens deste país e do mundo pode parecer colossal. Os partidos que, durante décadas, eles creram serem seus legítimos representantes passam-se, uns atrás dos outros, para o lado da ordem capitalista e militarista e das respectivas instituições: UE, NATO…

Porém, o movimento dos trabalhadores não tem, nem nunca teve, outra saída a não ser reorganizar-se: voltar a tomar sobre si a tarefa de substituir o sistema podre da propriedade privada dos grandes meios de produção pela comunidade dos produtores livremente associados, a fraternidade internacional dos povos – o socialismo. Nunca foi maior a urgência!

Os trabalhadores resistem, têm de resistir. Nos últimos meses têm-se multiplicado as notícias de encerramentos de médias empresas, nomeadamente no Norte do país. Os trabalhadores resistem, com as suas organizações sindicais e comissões.

O governo Montenegro procurou agravar o quadro legal da exploração dos estafetas e de toda a imensa galáxia de trabalhadores precarizados, muitos deles imigrantes. Mas estafetas e trabalhadores precários começaram a auto-organizar-se, a promover acções e manifestações, como a grande manifestação de 11 de Janeiro em Lisboa (“não nos encostem à parede!”) e as acções da Vida Justa nos bairros.

A luta de classes não é uma “escolha”; é um facto da vida. A classe capitalista está permanentemente ao ataque, sempre obrigada a aumentar os lucros, a comprimir salários e direitos. A classe trabalhadora defende-se. Quando abandonada, defende-se como pode.

No dia 25 de Abril, relembrará que não esqueceu a sua revolução.

A 18 de Maio, os trabalhadores e os jovens votarão – os que votam -, com mais ou (predominantemente) menos convicção, nos partidos em que ainda vêem alguma barreira à ofensiva descabelada da reacção e do capital.

Não basta, porém. Para podermos passar ao contra-ataque, é tempo de nos reorganizarmos.