Por uma Palestina una, livre, democrática e laica, do rio até ao mar

Desenrola-se hoje na Palestina, aos olhos do mundo, um genocídio.

O povo palestiniano ocupa um lugar à parte na situação mundial: depois da era da descolonização, é talvez o único povo que vive sob o jugo do apartheid.

As suas casas e terras foram e são expropriadas em vagas sucessivas de violência, entregues a colonos estrangeiros e ao Estado colonial, armados ambos até aos dentes pelo imperialismo americano. Os seus filhos e filhas são presos e mortos arbitrariamente pela máquina militar-colonial do Estado de Israel.

Os palestinianos vivem há décadas como cidadãos sem direitos na sua própria terra ou exilados em campos de refugiados.

Mas há outro aspecto em que o povo palestiniano ocupa um lugar especial: há cem anos a sofrer, a sua resistência não verga, apesar da desproporção de meios do agressor.

Os acontecimentos do último ano e meio representam a decisão do Estado sionista de passar ao genocídio.

Não restam muitas partes do planeta em que a razão de Estado seja uma doutrina abertamente racista e segregacionista como o sionismo.

Também não há, infelizmente, muitos países dos quais tantos que se dizem democratas tanto hesitem em dizer que a única solução democrática possível é aquela que fundou os Estados modernos que sucederam aos antigos regimes feudais: um Estado de cidadãos livres, inteiramente iguais em direitos, independentemente da sua etnia, língua, confissão religiosa ou raça. Essa é, como em todo o lado, a única solução que permitirá a paz: Palestina una, livre, democrática e laica, do rio até ao mar, que constituam e em que convivam como iguais palestinianos muçulmanos, judeus, cristãos ou ateus, com direito irrestrito ao retorno de todos os expulsos, exilados e seus descendentes e a reparação das injustiças cometidas.