Trump e Netanyahu querem eliminar dois milhões de palestinianos de Gaza

Em visita ao regime sanguinário do Marechal Sissi, no Egipto, o presidente francês Macron declarou que se opunha à “deslocação de populações e a qualquer anexação de Gaza ou da Cisjordânia”. Seria, disse, “uma violação do direito internacional”…

Pura hipocrisia: para além do apoio de Trump, Netanyahu tem o apoio diplomático, comercial, económico e militar de todos os poderosos e chefes. Os princípios fundamentais do “direito internacional” acabam onde começam os interesses das grandes potências, a começar pelos Estados Unidos e pelo seu satélite israelita.

Veja‐se a prova no assassinato deliberado de 15 trabalhadores humanitários palestinianos por Israel, a 23 de Março, em Rafah, entretanto vinda a público: “encontrados enterrados, alguns com as mãos atadas e com sinais de ferimentos de bala na cabeça e no peito” (Open Democracy, 4 de Abril).

Esta execução colectiva a sangue frio é mais uma de uma longa lista de crimes impunes cometidos pelo exército israelita. Este visa jornalistas e trabalhadores humanitários para tentar eliminar todas as testemunhas potenciais do genocídio. Ora, o genocídio intensificou-se de novo logo que Israel decidiu violar o cessar‐fogo. A entrada de ajuda humanitária está bloqueada há mais de um mês.

Em 3 de Abril, Netanyahu reivindicou de novo o “plano Trump” de deportação, ao declarar com orgulho: “Estamos a retalhar a Faixa de Gaza”. “Quase dois terços do território estão prestes a tornarem-se inacessíveis à população”, noticiava, assim, o jornal Le Monde (3 de Abril). Antes do genocídio, Gaza era o território mais densamente povoado do mundo. Hoje, os sobreviventes, privados de alimentos e de água, têm de se amontoar em mosaicos dispersos em 30% do território, reduzido a cinzas pelos bombardeamentos sem fim.

Netanyahu, já acusado por corrupção, tem uma nova motivação: o novo escândalo do “Qatargate”. O Qatar, país conhecido por “regar” a petrodólares dirigentes políticos de todo o mundo, terá financiado o círculo íntimo de Netanyahu.

Para conseguir expulsar os palestinianos de Gaza, Israel passou então a apostar abertamente numa guerra civil intra‐palestiniana, procurando utilizar o desespero, o cansaço e os últimos confrontos entre facções políticas. É um risco que alarma muitos militantes, como um deles confidenciou ao jornal dos nossos camaradas franceses La Tribune des travailleurs: “Não se pode pôr de parte a influência que a ocupação exerceu, directa ou indirectamente, nos recentes confrontos em Beit Lahia. O objectivo, desde o início da guerra, é criar o caos e a anarquia. Todos os sectores da sociedade palestiniana têm a responsabilidade de prevenir estes confrontos entre palestinianos, que apenas serviriam a ocupação”.

Está em jogo a sobrevivência de 2 milhões de palestinianos em Gaza. Todo o democrata tem o dever de exigir o fim imediato dos bombardeamentos e do bloqueio. E a ruptura imediata de todas as relações diplomáticas, económicas e militares com Israel.