ALERTA EM GAZA: o plano de Trump e Netanyahu passado à prática!

Conhecerá a barbárie desencadeada por Netanyahu limites? Parece que não. No domingo, 4 de Maio, o gabinete de segurança israelita anunciou o plano de “conquista da Faixa de Gaza”, explicitamente referido ao plano Trump de deportação da Faixa de Gaza dos seus 2,4 milhões de habitantes famintos e exaustos . No dia seguinte, Netanyahu inflamou mais ainda, confirmando que o plano envolve uma “operação musculada”, a “ocupação do território e uma presença israelita duradoura” em Gaza, de onde a população “será deslocada para sua protecção (sic)”. A linguagem é familiar: é a de qualquer potência empenhada numa empresa de extermínio.

O plano tem vindo a ser longamente preparado: há dois meses e meio que foi imposto um bloqueio total a Gaza, impedindo a entrada de qualquer camião de ajuda humanitária e matando deliberadamente a população à fome. O território – onde, essencialmente, só restam ruínas – foi dividido em três ou quatro segmentos isolados entre si pelo exército israelita, que agora tem luz verde para os “esvaziar” literalmente.

Tareq S. Hajjaj, membro da União dos Escritores Palestinianos, descreve a situação em Rafah, distrito mais meridional da Faixa de Gaza, na fronteira com o Egipto, onde, antes do genocídio, viviam mais de 200.000 habitantes: “Rafah deixou de existir. Israel apagou-a completamente, transformando um quinto de Gaza numa gigantesca zona tampão. Isto faz parte do plano de Israel para se estabelecer permanentemente em Gaza e facilitar a limpeza étnica da sua população. No mês passado, o exército israelita esvaziou sistematicamente Rafah dos seus habitantes e arrasou o que restava dos seus edifícios. A cidade de Rafah e as cidades vizinhas praticamente desapareceram, evacuadas da maioria dos seus habitantes para norte, em direção a Khan Younis e à costa de Mawassi, sob fogo de artilharia e ao som dos tanques e bulldozers que se aproximavam. (…) Imagens e relatos de Rafah mostram uma cidade completamente aniquilada, com os habitantes a confirmarem que ela já não é habitável” (Mondoweiss, 24 de Abril).

A extensão das zonas-tampão“ pelo exército israelita é precisamente a primeira etapa do plano do Estado-Maior, segundo o diário israelita Haaretz, que não esconde a sua hostilidade, tal como as famílias dos reféns israelitas, que vêem nela uma sentença de morte assinada por Netanyahu e denunciam um “desastre”. Um desastre e uma “catástrofe” para os palestinianos, que faz empalidecer a Nakba de Maio de 1948 – que envolveu a expulsão de 750.000 palestinianos, de que são descendentes muitos dos actuais habitantes da Faixa de Gaza.

A ONU diz-se “alarmada”, a União Europeia, “preocupada”, e as associações humanitárias, “horrorizadas”. Palavras… pois a máquina de destruição continua. Diga-se então aqui com clareza: a única maneira de evitar o esmagamento do gueto de Gaza é romper imediatamente todas as relações diplomáticas, económicas e militares com o Estado genocida. É uma exigência elementar, que devia ser a de qualquer organização ou indivíduo que se declare defensor da democracia.

Dominique Ferré, La Tribune des travailleurs nº489