Carta do Movimento Espontâneo das Mulheres Afegãs ao Comité Internacional de Defesa das Mulheres Afegãs, pedindo apoio para uma jornada mundial de luta no dia 7 de Outubro de 2023

ASILO IMEDIATO ÀS MULHERES AFEGÃS PERSEGUIDAS PELO REGIME DOS TALIBÃS!

“O Movimento Espontâneo das Mulheres Afegãs gostaria de sugerir ao Comité Internacional de Defesa das Mulheres Afegãs a organização de campanhas, acções e concentrações no dia 7 de Outubro de 2023, em todo o mundo, em apoio dos direitos das mulheres afegãs oprimidas pelo regime talibã, para exercer pressão sobre os governos – em particular os das grandes potências – para que concedam asilo imediato e incondicional às mulheres e mulheres activistas afegãs que estão sendo perseguidas e ameaçadas de morte por terem ousado lutar pelos seus direitos.
Porquê 7 de Outubro? Porque é uma data dolorosa na memória do povo afegão. Foi em 7 de Outubro de 2001 que o governo dos Estados Unidos, à cabeça de uma vasta coligação de governos e da NATO, lançou no Afeganistão aquilo aque chamou ‘guerra contra o terror’; seguiram-se vinte anos de ocupação em que foi usada a ‘mãe de todas as bombas’, causando a perda de dezenas de milhares de vidas de homens, mulheres e crianças.
Em 2001, o governo dos EUA derrubou o regime talibã, entregando o poder, no essencial, às forças da ‘Aliança do Norte’, composta por fundamentalistas religiosos, senhores da guerra, violadores dos direitos humanos e criminosos de guerra. Posteriormente, a 15 de Agosto de 2021, o governo dos Estados Unidos restaurou o poder dos talibãs, que, desde então, têm continuado a tomar medidas que excluem as mulheres de todos os aspectos da vida pública: é-lhes proibido trabalhar, estudar e até andar na rua e em locais públicos.
As vozes das mulheres afegãs oprimidas têm de ser ouvidas; os governos que afirmam respeitar os direitos das mulheres têm de deixar de assinar acordos e negócios com o regime misógino dos talibãs. O regime talibã não pode ser apoiado nem política nem financeiramente; não pode, em circunstância alguma, ser reconhecido. É preciso ajudar o movimento de protesto das mulheres no Afeganistão, e é preciso conceder imediatamente asilo às mulheres ameaçadas e em perigo.”