É emocionadamente que o POID deplora as centenas de vítimas civis, particularmente jovens e crianças, brutalmente arrancados à vida em Israel e em Gaza.
Neste dia 7 de Outubro, dobrou-se um cabo. “É a guerra!”, proclamou de imediato o primeiro-ministro israelita Netanyahu. Mas haverá alguma necessidade de lembrar que a guerra não começou neste dia 7 de Outubro? Há setenta e cinco anos que a guerra devasta esta região.
Há setenta e cinco anos que o povo palestiniano é expulso da sua terra, escorraçado das suas aldeias, tem as suas casas destruídas. Há setenta e cinco anos que lhe é interdito o direito de regressar; defronta uma colonização devoradora insaciável de terra palestiniana. Sujeito a um verdadeiro regime de apartheid, feito de discriminação, opressão e humilhação, esse povo nunca deixou, porém, de resistir e lutar.
Ouvem-se hoje responsáveis políticos a apelar, de todo o lado, para que a ONU abra caminho a uma “paz justa e duradoura”. Quem há-de, todavia, esquecer que, de 1947 até hoje, a ONU fez seus todos os planos de partição – incluindo os planos tributários da pretensa solução dos dois Estados –, que noutra coisa não deram que não fosse em agravar o destino do povo palestiniano? A ONU não pode ser simultaneamente raiz do mal e seu remédio.
Enquanto escrevemos este comunicado, a escalada bélica acelera-se. O presidente dos Estados Unidos, Biden, manda a marinha americana navegar à vista de Gaza. O governo israelita acaba de decretar o bloqueio de Gaza, cujo intuito é pôr os seus dois milhões de habitantes à fome.
O POID reitera o seu compromisso incondicional pela paz. Porque defendemos o direito dos povos à liber- dade, à soberania e à independência, somos solidários da aspiração legítima do povo palestiniano a viver, livre, na terra dos seus antepassados. Para que as palavras “paz justa e duradoura” se encham de algum conteúdo sério, todos os actuais habitantes da terra da Palestina – aqueles que vivem nos limites do Estado de Israel e os que vivem na Cisjordânia e em Gaza – terão de poder partilhar a mesma cidadania e os mesmos direitos, em pé de igualdade, seja qual for a sua origem, a sua cultura, língua ou religião, sejam eles árabes ou judeus.
E que não nos venham dizer que isto é utópico. A pior utopia sangrenta é a que, há setenta e cinco anos, eterniza a situação de opressão e injustiça imposta a um povo privado dos direitos que são, em princípio, reconhecidos a todos os povos. A trágica situação que se abriu neste dia 7 de Outubro é mais uma prova disso mesmo.
Executivo Nacional, segunda-feira, 9 de Outubro de 2023, 16h