Trabalhadores da Saúde de Chiapas (México) em Greve Precisam do Nosso Apoio Urgente!

No Domingo, 25 de Setembro, um número estimado em 300 sindicalistas e activistas reuniu-se em comício no auditório do núcleo de Palenque (Chiapas) da 50ª secção do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Saúde do México (SNTSSA). O núcleo de Palenque e os núcleos locais de três outras cidades do estado de Chiapas estão em greve há 126 dias, reclamando o fim da lei de “contra-reforma” dos cuidados de saúde, que visa a privatização destes no México.

Em Palenque, a aplicação desta lei tem acarretado a redução drástica dos medicamentos e fornecimentos médicos aos doentes, passando a exigir-se-lhes que ajudem a cobrir os custos destes bens escassos — quando até aqui os cuidados de saúde providenciados pelo Instituto Mexicano de Segurança Social (IMSS) e pelo ISSSTE (para empregados do Estado) eram gratuitos.

Aos trabalhadores da saúde em greve uniram-se professores da escola pública abrangidos pela 40ª secção do Sindicato Nacional dos Professores, o SNTE-CNTE. Nove oradores falaram à assembleia, incluindo Russell Aguilar Brindis, bem conhecido em Palenque e por todo o Chiapas como um dos fundadores da ala dissidente nacional, CNTE, do sindicato dos professores. A CNTE constitui a direcção do sindicato em quatro estados e dispõe de núcleos importantes em todos os estados do México.

Entre os participantes encontrava-se um contingente do povo indígena Ch’ol das “comunidades de base”. Em consequência da “contra-reforma” dos cuidados de saúde, nos últimos seis meses este povo deixou de receber medicamentos e outras provisões nos dispensários que o serviam. As suas crianças estão a morrer. Muitos, para virem ao comício, chegaram a caminhar seis horas até às estradas principais para apanhar autocarros ou boleia de camiões.

A situação com que os trabalhadores da saúde da região de Palenque em greve se confrontam é árdua. Nove trabalhadores foram despedidos por fomentar uma “paralisação ilegal do trabalho”. Quarenta e cinco outros viram os seus salários bimensais suspensos. O governo estadual ameaça despedir grande número de outros trabalhadores e parar de pagar salários se os trabalhadores não puserem termo à greve.

Uma Discussão Rica e Profunda

Alan Benjamin, sindicalista dos Estados Unidos, membro do Comité de Organização da Conferência de Mumbai contra a Guerra, a Exploração e o Trabalho Precário, dirigiu-se como orador convidado ao comício de Palenque. Explicou os problemas fundamentais do sistema de saúde dos Estados Unidos, baseado no modelo americano de seguro privado. O governo mexicano está procurando impor o modelo americano em nome da “reforma da saúde” e da criação de “cuidados de saúde universais”, destruindo, assim, o sistema de saúde pública mexicano.

Convencidos de que só a classe operária, a nível nacional como internacional, é capaz de forçar os patrões e o governo a dobrarem-se às suas reivindicações, os participantes no comício reunidos em assembleia emitiram um Apelo Internacional aos trabalhadores e respectivas organizações, no México e à escala internacional, pedindo o seu apoio para a luta dos trabalhadores da saúde de Chiapas.

Nos discursos e na discussão que se seguiu, muitos oradores comentaram o acordo recentemente alcançado entre o governo federal e o sindicato CNTE dos professores, ao fim de quatro meses de greve. Greve militante, contra a privatização do ensino público, que decorreu em quatro estados do México (Guerrero, Oaxaca, Chiapas e Michoacán), violentamente reprimida pelas autoridades, mais notoriamente na localidade de Nochixtlán do estado de Oaxaca, onde 13 professores e apoiantes foram mortos e dezenas feridos pelo exército e pela polícia.

O acordo de 11 pontos inclui a decisão de não dar aplicação à “reforma” do ensino antes de 2018, altura em que tomará posse um novo presidente. Outros pontos compreendem contratação de mais professores, aumento do orçamento do ensino, libertação dos professores detidos, arquivamento de todas as acusações contra os professores grevistas e pais de alunos, estabelecimento de “mesas redondas” com o sindicato para discutir modos de “aperfeiçoar” a “contra-reforma” do ensino proposta. Este último ponto foi ardentemente contestado por muitos dos participantes no comício, já que dele decorreria que o sindicato perdesse a sua independência e aceitasse o quadro básico da “contra-reforma” do ensino.

Precisamente por se ter suscitado a questão da independência sindical, os participantes no comício concordaram em subscrever a Conferência de Mumbai contra a Guerra, a Exploração e o Trabalho Precário e mandatar um representante do comício para assistir à conferência em Mumbai. A mesa do comício salientou que a delegação mexicana se constituía dentro das lutas e mobilizações dos trabalhadores e dos seus aliados populares.