Enfermeiros em greve nos dias 13 e 14 de Outubro

Compromisso com a “Europa” ou compromisso com os trabalhadores?

Na preparação do Orçamento para 2017, caminha-se, no meio de muito barulho para despistar, para a colisão frontal entre o respeito pelos “compromissos europeus” do país, de que a direcção do PS fez pedra basilar deste governo, e a promessa de fim da austeridade e de reposição dos direitos retirados pelo anterior governo da troika.

Pelo anterior governo da troika. Porque este governo parece já ter escolhido ser o actual governo da troika.

Ministros e dirigentes afadigam-se em discutir como organizar a contabilidade pública de modo que o défice em 2017 seja inferior a 2%. É isso que se discute. Não se discute do que precisam os trabalhadores portugueses depois de 10 anos de privações. O orçamento é o orçamento do que eles chamam a “Europa”. Não é o orçamento dos trabalhadores e do povo.

A cortar este “dilema” no seu cerne surge a luta dos enfermeiros — dilema, repita-se, que o não é, pois o primordial respeito pelos compromissos europeus está lá desde o princípio como alfa e ómega do programa de governo, para quem quisesse ver.

Discriminados na reposição das 35h na função pública, de que foram excluídos os enfermeiros com “contrato individual de trabalho”, já antes do verão os enfermeiros haviam assinalado que não se conformariam.

Agora, entraram em greve.

Esta greve mostra o único caminho que serve aos trabalhadores portugueses.

Os enfermeiros reivindicam o mínimo aceitável para respeitar o compromisso com a sua dignidade, nomeadamente: reposição do valor integral das horas de qualidade e extraordinárias; admissão de enfermeiros; progressão nas posições remuneratórias e abertura de concursos; 35h semanais para os enfermeiros em “contrato individual de trabalho” que não as detêm; medidas que minimizem a penosidade e o risco inerente à profissão.

Ficar à espera que o PS, o Bloco de Esquerda e o PCP encontrem a poção mágica para respeitar tanto os compromissos europeus como o compromisso de abolição das políticas de austeridade?

Ou abolir a política de austeridade pela acção directa da classe?

Os enfermeiros, depois dos estivadores, mostram que este último é o único caminho que serve. Não há outro.

Os outros que discutam contabilidade pública. “Europeia”.

Fim do respeito pelos “compromissos europeus”! Por um governo ao serviço dos trabalhadores, não da “Europa”!