EUA – Clinton ou Trump: nem um nem outro!

Editorial do número de Outubro de 2016 de The Organizer, publicado por Socialist Organizer, secção do CORQI nos Estados Unidos

Por Alan Benjamin

Ao darmos este artigo ao prelo, a nação — ou, para sermos mais exactos, o encolhido número que no país inteiro se deu ao trabalho de sintonizar — teve direito, pela terceira vez, ao triste espectáculo de um “debate” (uma troca de galhardetes, digamos) entre Hillary Clinton e Donald Trump. Brandiram-se vitupérios tais que “votos viciados” e “marioneta de Putin”, com pouca ou nenhuma discussão das matérias de substância com que os trabalhadores se defrontam.

Ao longo dos 18 meses de campanha eleitoral presidencial, a maioria da classe operária manifestou a sua profunda rejeição dos políticos tradicionais dos partidos gémeos do capitalismo: Democratas e Republicanos. Por variadas formas.

Dentro do Partido Democrata, Bernie Sanders, que se apresentou como “carta fora do baralho” (fazendo, na realidade, parte dele), foi visto por grande número de eleitores descontentes, principalmente na juventude, como canal para a manifestação das suas aspirações.

Quatorze milhões de pessoas voltaram-se para Sanders porque queriam, entre outras coisas, o seguro de saúde universal, um aumento real dos salários, o fim da hegemonia de Wall Street sobre a política e parar o acordo de Parceria Transpacífica (TPP).

Dentro do Partido Republicano, Trump apresentou-se como a carta fora do baralho, o “não político”, o que lhe proporcionou muito mais seguidores do que a maioria esperava.

Todos os políticos tradicionais do G.O.P [Grand Old Party, o Partido Republicano] — de Jeb Bush a John Kasich — foram eliminados, enquanto emergia uma vaga populista de direita alimentada pela destruição em massa de postos de trabalho e pelo racismo supremacista branco.

Agora, tudo isso pertence ao passado: Sanders cumpriu a sua promessa de entregar os seus 14 milhões de eleitores à candidata apoiada e financiada pela Wall Street e pelo grande capital: Hillary Clinton [1]. Esquecida e enterrada, a diatribe de Sanders contra a Wall Street. Clinton, pela sua parte, pouco se esforçou por cortejar os eleitores de Sanders ou sequer dar voz às suas preocupações.

Entretanto, a campanha de Trump implode.

À medida que a campanha eleitoral se aproxima do fim, o Partido Republicano está, citando The New York Times, “à beira da guerra civil”, com os dirigentes do G.O.P. a distanciarem-se a passo de corrida de Trump. As sondagens de Trump caem a uma velocidade tal, que a direcção do G.O.P. está a ficar preocupada com a possibilidade de, no dia 8 de Novembro, o partido perder a maioria na Câmara e no Senado.

A diatribe de Trump contra o chefe do grupo parlamentar republicano da Câmara, Paul Ryan, não foi menos virulenta do que a sua diatribe contra Hillary Clinton, reflectindo a sua compreensão crescente de que tem o barco a naufragar. A barafunda até já atinge a “chapa”: enquanto Trump advertia que poderia não aceitar o resultado da eleição presidencial de Novembro, o seu candidato a vice-presidente, Mike Pence, declarava que claro que o G.O.P. respeitaria os resultados da votação.

Esta campanha eleitoral sem precedentes — em que um Bernie Sanders praticamente desconhecido só na recta final foi batido pelo favorito do Partido Democrata e em que uma vedeta da televisão distanciou todos os favoritos do Partido Republicano — é sinal do descontentamento crescente com o sistema bipartidário, refractando, porém, também, um sistema capitalista em crise cada vez mais profunda.

Karl Marx escreveu que “o governo mais não é do que um comité de gestão dos negócios de toda a classe capitalista.” Hoje, este comité administrativo está, nos Estados Unidos, em completa desordem, restando-lhe como único candidato viável uma candidata presidencial vilipendiada e impopular.

A Classe Dominante Carrega no Acelerador a Fundo para Eleger Clinton

Ao aproximarmo-nos das últimas semanas desta aparentemente interminável campanha presidencial de dezoito meses, a classe dominante americana está a meter a sua máquina eleitoral em prego a fundo para fazer eleger Hillary Clinton para o cargo supremo da nação. No ponto de vista da classe dominante, Trump é um sério problema.

Segundo um artigo de opinião assinado por Steven Rattner, executivo da Wall Street e autor de artigos de opinião para o New York Times, na edição de 10 de Outubro do jornal, “nem um dos altos executivos de empresas que figuram na lista das cem maiores da Fortune deu dinheiro à campanha de Trump, ou a apoiou”, ao passo que mais de metade tem apoiado ou dado contribuições generosas à campanha de Clinton, especialmente nas semanas mais recentes.

Uma sondagem do Wall Street Journal a 45 antigos membros do Conselho de Assessores Económicos não deu sequer com um que quisesse apoiar Trump. Todos apoiam Clinton.

Alguém que ainda não esteja convencido de que Clinton é a candidata da Wall Street em Novembro, verá nos correios electrónicos encontrados nos papéis do presidente da campanha de Clinton, John Podesta, recentemente revelados, o golpe de misericórdia a tais dúvidas.

Nos documentos, tornados públicos pela WikiLeaks — nenhum deles desautorizado — , Clinton declara a uma assembleia de que o banco Goldman Sachs é o anfitrião que “como senadora, representei e trabalhei com muita gente da Wall Street e fiz tudo o que estava ao meu alcance para poderem prosperar.”

Noutro passo, Clinton diz aos banqueiros-bandidos [2] da Wall Street que não se preocupem com as suas declarações públicas de oposição ao TPP nem de apoio ao sistema de pensões garantidas pelo Estado. No trabalho que é o seu, vinca, é necessária uma atitude “pública” e uma “privada”. Para ser eleita, tinha de tomar posições públicas em muitas matérias caras à maioria trabalhadora, dizia-lhes, mas, uma vez em funções, levaria a efeito as suas políticas “privadas”, em boa sintonia com os seus dadores da Wall Street.

Este último ponto é especialmente importante para o movimento sindical. Ao longo da sua campanha presidencial, Clinton tem vincado que “me oponho ao TPP. Opor-me-ei a ele depois das eleições. E opor-me-ei a ele enquanto presidente.” Porém, em discurso aos banqueiros-bandidos, em San Diego, pago ao preço de $225.000, afirmava que o seu “sonho é um mercado hemisférico, com comércio aberto.”

Pode restar alguma dúvida de que, logo que estiver em funções, Clinton fará tudo o que lhe for possível para pôr o TPP em aplicação — decerto com uma ou outra mudança cosmética, para dar a impressão de estar, de facto, do lado da classe trabalhadora?

Pode restar alguma dúvida de que ela se porá em campo para promover as “reformas” do sistema de garantia estatal das pensões que têm sido reclamadas pelos especuladores, ou de que continuará a promover, e mesmo a aprofundar, as políticas de privatização e desregulamentação de todas as administrações anteriores, incluindo a de Bill Clinton?

Pode restar alguma dúvida de que ela acelerará a marcha para a guerra, pondo mais tropas americanas no terreno por todo o Médio Oriente?

“A guerra entre Estados-nações é praticamente garantida (…). Prepara-se uma chuvada infernal”

Se alguma, mínima dúvida restasse sobre a marcha acelerada à guerra que os altos cargos do exército americano estão a preparar com a aprovação de Hillary Clinton, bastaria ler o discurso do Chefe do Estado-Maior do Exército, General Mark A. Milley, do dia 4 de Outubro de 2016. Advertindo que as guerras alastrarão pelo mundo, Milley ameaçou esmagar militarmente qualquer nação ou força que se oponha à política dos EUA. Visou especialmente as vozes que se têm feito ouvir a favor do “desmantelamento da NATO e da União Europeia.”

Milley continuou:

“Todos os países, a Rússia, a China, o Irão e a Coreia do Norte têm aprendido connosco. Observaram com grande atenção como combatemos em 1991 e em 2003. Estudaram a nossa doutrina, a nossa táctica, o nosso equipamento, a nossa organização, o nosso treino e a nossa chefia. E reviram, por sua vez, as suas próprias doutrinas, estando actualmente a modernizar rapidamente os seus exércitos para evitar a nossa força, na esperança de, a certa altura, no futuro, nos derrotarem…”

“Infelizmente, é, a meu ver, muito improvável que a guerra entre Estados-nação fique relegada para os livros de história. Como não há autoridade superior, e como a segurança é o interesse primário de cada Estado, é praticamente garantido haver conflitos entre Estados-nação no momento azado. E encontramo-nos hoje em pleno a meio de mais uma mudança geopolítica maior…”

“De modo que, para resumir, os próximos vinte e cinco anos não vão ser como os últimos dez nem como os últimos vinte e cinco. O agudo desafio que defrontamos é o da evolução do carácter da guerra; nada que tenha que ver, em intensidade e mortalidade, com nada que a nossa actual força alguma vez conheceu.”

“Um historiador de grande notoriedade (Victor Davis Hanson) escreveu recentemente registar-se um incremento do nacionalismo, de forças armadas regionais, de reivindicações territoriais insatisfeitas, de conflitos sectários e o regresso ao equilíbrio de potências políticas do séc. XVIII, com esferas de influência. Concluía que havia actualmente no ar uma brisa ligeira e que ela podia transformar-se em tempestade. A concluir o ensaio, dizia que “ia cair uma chuvada infernal.” [3]

A advertência não podia ser mais clara. Os dois candidatos à presidência estão a dar cabo um do outro. Mas o Chefe de Estado-Maior do Exército sabe muito bem que, qualquer que seja o dos dois candidatos que ganhe, esta guerra sem fim continuará e ampliar-se-á.

Uma Crise Radicada no próprio Sistema Capitalista

A disputa entre Hillary Clinton e Donald Trump não é por objectivos últimos; é sobre como levá-los à prática. A crise que tem desfeito as cúpulas do poder político neste país deve-se à profunda destabilização da base económica do próprio sistema capitalista causada pela crise de 2008, não se vislumbrando qualquer recuperação.

O facto é que, apesar do resgate dos grandes bancos e instituições financeiras organizado pela administração Obama, que custou mais de $8 biliões (milhões de milhões, NdT), apesar das somas astronómicas injectadas na economia em nome do Quantitative Easing, apesar da massa de postos de trabalho cortados em sector atrás de sector, apesar de todos os cortes orçamentais nos serviços sociais — apesar de tudo isto, não houve recuperação económica.

O FMI reconheceu a situação, ao declarar: “Ao longo dos últimos trimestres, a economia americana perdeu a vitalidade; a expansão prevista para o segundo semestre de 2016 não ocorreu.” Mesmo os $5,4 biliões investidos no petróleo de xisto só serviram para inflar uma bolha especulativa ainda maior do que a dos sub-primes (hipotecas-lixo).

Na raiz de tudo isto está a própria crise do sistema capitalista, sistema incapaz de desenvolver outra coisa que não sejam estímulos parasitários para manter a economia à tona d’água: o complexo militar industrial e a guerra, por um lado, e especulação financeira desenfreada, por outro.

A incapacidade da classe dominante para superar a crise do sistema capitalista é o que alimenta a sua crise política crescente.

Outra vez a política do “mal menor”

Neste contexto, é especialmente confrangedor ver as cúpulas dirigentes dos sindicatos, mesmo a sua ala mais progressista, incitarem os seus filiados à mobilização para votar em Clinton.

Josh Pechthalt, presidente da Federação dos Professores da Califórnia (CFT), um dos sindicatos mais progressistas do país, escreveu num editorial do California Teacher (Setembro-Outubro de 2016): “Não podemos ser levianos quanto ao próximo presidente… Infelizmente, não há labor party viável neste país, por isso sabemos que o próximo presidente será ou um Democrata ou um Republicano. Eleger Donald Trump seria uma catástrofe. Hillary Cliinton é a nossa melhor opção para promover um programa progressista. Elegê-la tem de ser o nosso primeiro objectivo.”

Pechthalt conclui: “Não podemos ser complacentes na votação para a presidência. Mesmo não subsistindo dúvidas quanto aos nossos grandes eleitores, não é o momento de desperdiçar votos em Jill Stein ou noutro candidato de um terceiro partido.”

Este argumento do “mal menor”, que já é velho há décadas, tem sido constantemente usado para justificar o apoio a um candidato da classe capitalista contra o outro. Hoje, é o espantalho das opiniões “odiosas” de Trump que se arvora para justificar votar em Clinton.

É indubitável que Clinton e Trump têm discordâncias claras em várias matérias. Trump cospe abertamente a retórica mais reaccionária, racista e belicosa. O discurso de Clinton é diferente.

Porém, uma vez eleita, não irá Clinton prosseguir a guerra sem fim, não irá continuar as mesmas políticas de discriminação social e racial que, durante o governo de Obama como durante todos os anteriores, estiveram por trás das matanças de negros pela polícia?

É ou não é verdade que a vaga reaccionária que trouxe Trump à tona de água é simplesmente fruto das políticas anti-operárias levadas a cabo nos últimos oito anos pelo presidente democrata cessante?

A verdade incómoda (para alguns) é que Clinton é, na realidade, uma Republicana tradicional mascarada de “centrista” — e às vezes até de “progressista” — , que só tem hipóteses de ganhar estas eleições porque tem pela frente um palhaço chamado Trump.

A verdade incómoda é que se, nestas eleições, nos vemos a braços com a escolha entre duas das figuras mais impopulares da história dos EUA, é graças à constante política de “mal menor”, década após década praticada pelos dirigentes máximos do movimento operário americano. De eleição em eleição, a política do “mal menor” só conseguiu empurrar o espectro político cada vez mais para a direita.

Não podia ser menos verdadeira a ideia de que Clinton possa servir de veículo aos trabalhadores para “promoverem uma agenda progressista”, como argumenta Pechthalt.

Como lá chegar?

Como muitos sindicalistas progressistas, Josh Pechthalt é a favor de um Partido Trabalhista, pelo menos em teoria. Ora, se é essa a nossa meta, como chegamos lá?

Muitos partidários do voto Clinton no movimento operário argumentam que, primeiro, é preciso parar Trump e só depois fazer face a Clinton e obrigar a sua administração a satisfazer as reivindicações mais prementes do povo trabalhador, incluindo as reivindicações do movimento “As Vidas Negras Importam” (Black Lives Matter). Assim, dizem, acabará por se criar um movimento social de protesto de massas que possa tornar-se no cadinho em que se crie o movimento para um terceiro partido, nomeadamente um Partido Trabalhista.

Esta lógica não resiste, porém, à experiência histórica. O passado mostra que, quando são os Democratas a exercer funções, a cúpula do movimento sindical exerce a máxima pressão que pode para abafar todos os movimentos de protesto.

Os argumentos de mal menor usados para racionalizar o voto em Clinton em Novembro continuarão a ser brandidos depois das eleições, ainda que de forma diferente. Os movimentos sociais de protesto serão instados a aguentar-se com as críticas a Clinton — e as mobilizações contra ela — sob pena de levar água ao moinho das forças direitistas de Trump. Acções que possam ser vistas como “destabilizadoras de Clinton” serão retratadas como acções que fazem o jogo de Trump e seus acólitos.

Não! Se a classe operária — e mais ainda os seus sectores mais oprimidos, negros e latinos — quiser defender os seus direitos e interesses e ganhar novos, terá sempre de firmar a sua independência; terá de agir num terreno de classe independente, tanto na arena eleitoral como na rua. Tem de ser assim antes e depois da eleição de 8 de Novembro.

Os trabalhadores estão prontos para a mudança e procuram-na. Notícias dos nossos leitores dão conta do escárnio geral aos dois candidatos tradicionais nos locais de trabalho. Falam-nos da relutância generalizada dos militantes sindicais em distribuir bandeirolas pró-Hillary Clinton quando em campanha por propostas de lei locais ou por candidatos que concorrem a funções locais, estaduais ou no Congresso [4]. Falam-nos da cólera dos activistas negros, especialmente da juventude negra, com todos os políticos, sejam de que cor política forem.

Embora seja certo que esta aspiração a uma alternativa política autêntica da classe operária não se pode manifestar, neste momento, na arena eleitoral, por todas as razões acima explanadas, estas notícias dos nossos eleitores — e há um número sem fim de outras — põem em evidência uma verdade singela: que a aspiração profunda a uma política operária veio para ficar; mais: que ela continuará a procurar canais para seguir em frente.

Muitos, se não a maior parte, dos sindicalistas e militantes votarão indubitavelmente em Clinton, mas a sua atitude contraditória reflecte uma frustração geral com a política da classe dominante e a procura de uma alternativa trabalhista real. [5]

O caminho para um partido independente dos trabalhadores não será linear. A fórmula de Karl Marx de que a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores tem toda a propriedade.

A classe trabalhadora necessita de que as suas organizações históricas — em primeiro lugar, os sindicatos — rompam a sua dependência do Partido Democrata e se façam arautos dos interesses da maioria trabalhadora, rompendo caminho para o Partido Trabalhista.

Concomitantemente a esta luta, a população negra precisa de um partido dos trabalhadores negros que promova os seus interesses imediatos e nacionais, a exemplo do que defende Nnamdi Scott, o candidato independente negro à vereação de Baltimore pelo Partido do Progresso Popular Ujima (UPP).

“É preciso entender a relação dos trabalhadores negros com o capitalismo,” declarou Scott em entrevista ao The Organizer publicada nesta edição. “O que isto quer dizer é que é necessário organizar politicamente os trabalhadores negros enquanto classe. Não basta um movimento. Não haverá emancipação dos negros se não nos organizarmos.”

Scott defende deixar-se de “petições ou pressões sobre os partidos capitalistas” e “traçar o nosso próprio caminho em direcção à luta política independente, tanto na arena eleitoral como no trabalho de base; tem de haver um esforço consciente dos trabalhadores negros para obterem a sua independência política e ganharem confiança na sua força de classe.”

Estas palavras não se aplicam apenas aos trabalhadores negros, aplicam-se a toda a classe trabalhadora. Nunca a tarefa de impulsionar a acção política independente da classe operária foi mais urgente.

Notas

[1] Contudo, está longe de ser certo que Sanders consiga virar todo o seu eleitorado para Clinton. Sem dúvida que a maioria dos eleitores de Sanders “tapará o nariz” e votará em Clinton, mas muitos outros votarão noutros candidatos — ou, simplesmente, não votarão.

[2] “Bankster” no original, neologismo fabricado a partir de banker (banqueiro) e gangster.

[3] Provável referência à célebre canção de Bob Dylan “A Hard Rain’s A-Gonna Fall”, que descreve os horrores da guerra (NdT).

[4] No dia das eleições presidenciais, os cidadãos americanos votam igualmente para eleger os seus representantes em vários escalões de poder e pronunciam-se sobre propostas de lei locais (NdT).

[5] Outros votarão em Jill Stein, não necessariamente por apoiarem o Partido Verde, mas por verem o voto em Stein como a forma mais eficaz de protestar contra o sistema bipartidário. Outros ainda votarão num dos vários candidatos socialistas que concorrem à presidência — do Socialist Party, do Party of Socialism and Liberation ou de outros.

Porém, Stein e o Partido Verde não são a alternativa de que os trabalhadores necessitam para conquistar as suas reivindicações. O Partido Verde não é um partido da classe operária; não considera que a sociedade esteja dividida em classes sociais opostas com interesses contraditórios; as plataformas de Stein e dos Verdes baseiam-se na ideia de uma “sociedade civil” em que patrões e trabalhadores têm interesses comuns e onde a forma de organização social e económica ideal é constituída por “cooperativas” (funcionando no âmbito de uma economia de mercado).

Embora muitos dos pontos avançados por Jill Stein apontem para uma mudança social progressista, os trabalhadores — especialmente as massas negras oprimidas que se batem contra a brutalidade policial e pela autodeterminação — precisarão de um partido de classe para vencer.