Comité de Organização pela Reconstituição da IVª Internacional (CORQI) – 24 de janeiro de 2019
Abaixo o golpe de estado na Venezuela!
Não é a primeira vez que o imperialismo americano promove uma intentona de golpe de Estado na América Latina (não é preciso ir mais longe do que o golpe de Temer no Brasil, em 2016, que abriu caminho a Bolsonaro). Nem é a primeira vez que o faz na Venezuela, estrangulada pelo bloqueio, com mira na pilhagem do petróleo da nação venezuelana. Desta vez, porém, já nem tentam esconder que foi a administração Trump, com o concurso do seu fantoche brasileiro Bolsonaro, quem suscitou a intentona em andamento.
Logo no dia 22 de janeiro, às 7.30h da manhã, o vice-presidente dos Estados Unidos, Mike Pence, publicava no Twitter, anunciando a intentona do dia seguinte: “Quando, amanhã, o corajoso povo venezuelano fizer ouvir a sua voz, nós dizemos, em nome do povo americano, que estamos convosco.”
Mal haviam passado vinte e quatro horas e já Guaido, o presidente do Parlamento, se auto-proclamava “presidente interino”. A intentona foi de imediato aplaudida pelos representantes do imperialismo e respectivos fantoches locais. Pela voz de Pompeo, seu secretário de Estado, Trump sagrou Guaido sem hesitações: “Os Estados Unidos reconhecem Juan Guaido como novo presidente interino da Venezuela”. Seguiu-se-lhe Bolsonaro, que ameaçou apoiar o golpe de Estado mandando o exército brasileiro intervir no território venezuelano.
Não surpreende ninguém que os golpistas e seus comanditários tivessem o apoio do Conselho Europeu, que se atreve a declarar que, com o golpe de Estado de 23 de janeiro “o povo da Venezuela reclamou em massa a democracia e a possibilidade de escolher o seu próprio destino”. E que dizer da vergonhosa declaração do presidente francês, Macron, que teve o atrevimento de falar da “eleição ilegítima de Maduro”, afirmando que a União Europeia “apoiava a restauração da democracia”!
Como se a democracia e o direito dos povos a escolherem livremente o seu destino não fosse exactamente o contrário da ingerência imperialista, da organização de golpes de Estado por Washington para decidir pelos povos quem os há-de governar!
O secretariado do Comité de Organização pela Reconstituição da IVª Internacional (CORQI) condena o golpe de Estado na Venezuela e a ingerência imperialista.
Está ao lado dos trabalhadores e do povo da Venezuela, que têm legitimidade para se defenderem por todos os meios da ingerência e defenderem a soberania nacional. Apoia a decisão do governo venezuelano de romper relações diplomáticas com Washington.
Está ao lado dos trabalhadores, militantes, jovens, organizações e coligações anti-guerra que, nos Estados Unidos, dizem a Trump: “Em nosso nome, não!”, exigindo parar imediatamente com a ingerência imperialista.
Está ao lado dos trabalhadores brasileiros, pela realização da mais ampla frente unida das organizações operárias e populares para deter as ameaças de intervenção militar de Bolsonaro contra o povo irmão da Venezuela.
O CORQI apela a todas as suas organizações em todo o mundo para participarem com as suas próprias palavras de ordem nas mobilizações operárias e populares contra a intentona na Venezuela:
Abaixo o golpe de Estado!
Imperialistas fora da Venezuela, fora da América Latina!
Trump, Bolsonaro, União Europeia: baixem as patas, não toquem na Venezuela!
Direito do povo venezuelano a dispor livremente do seu destino!