UM ANO DE GUERRA NA UCRÂNIA

Faz um ano que, com a invasão das tropas do regime oligárquico de Putin, começou a guerra na Ucrânia.
O contexto de que a guerra emergiu é conhecido: o cerco cada vez mais apertado do dispositivo militar da NATO à Rússia nas últimas décadas, selado pelo pedido de adesão à NATO do regime ucraniano saído do golpe de 2014. A natureza da guerra também é cada vez mais clara: com o exército de Zelensky inteiramente financiado, equipado, treinado e comandado pelos EUA e pela NATO, é uma guerra entre as grandes potências imperialistas “ocidentais”, com os EUA à cabeça, e a Rússia. Está em jogo o controle pelo grande capital americano e europeu dos enormes lucros que podem ser extraídos da Rússia e da Ucrânia. Os interesses que se entrechocam são estranhos aos trabalhadores e povos da Rússia, da Ucrânia, da Europa e do mundo.
Recentemente, a Alemanha e os Estados Unidos – e, também, Portugal – declararam que irão fornecer tanques pesados ao governo da Ucrânia, permitindo-lhe lançar uma guerra ofensiva. Para o mesmo efeito lhe têm sido fornecidos sistemas de mísseis de cada vez mais longo alcance; anunciam-se aviões. A NATO é, sem disfarce, parte beligerante. Aumenta incessantemente o risco de alastramento da guerra.
Dezenas de milhar de jovens soldados russos e ucranianos perderam entretanto a vida, assim como milhares de civis. A destruição é assustadora.
Enquanto o regime dos oligarcas de Moscovo multiplica medidas contra a resistência e os trabalhadores russos, o regime dos oligarcas de Kiev proíbe partidos e sindicatos e introduz um código do trabalho que reconduz as relações laborais ao capitalismo selvagem do século XIX. Ambos os regimes oprimem os trabalhadores e as minorias nacionais e linguísticas.
Não obstante, a resistência dos povos toma forma. Um ano depois do início da guerra, é evidente a resistência à guerra na Rússia, nomeadamente a das mães dos soldados mobilizados.
A guerra e as sanções decretadas contra a Rússia pelos Estados Unidos e pelos países da NATO têm consequências desastrosas nos países “ocidentais” e no mundo em geral – mas não as mesmas para todos! Enquanto os trabalhadores vêem os preços da energia e da alimentação a disparar e o seu poder de compra a cair a pique, as petrolíferas, a finança, as grandes empresas de armamento e os grandes grupos do comércio a retalho batem todos os recordes de lucros.
A guerra imperialista na Ucrânia e a guerra social contra os trabalhadores em todos e cada país são, assim, parte do mesmo movimento de concentração capitalista da riqueza em meia dúzia de multibilionários e de alastramento da pobreza a camadas cada vez mais vastas, nos países pobres, mas também nos países mais ricos. Lutar contra a guerra é lutar contra o regime de exploração capitalista!