PE vota pela censura

“Parlamento Europeu”
Insta Introdução da Censura nos Países da União Europeia

Pela quarta vez neste último ano, a instituição oficialmente conhecida como Parlamento Europeu adoptou uma resolução sobre a guerra na Ucrânia. 

Como tem sido seu timbre, este “parlamento” destituído de poder legislativo e eleito por uma fracção do “eleitorado” faz rufar os tambores da guerra com o máximo volume sonoro que consegue.

Agora, insta por mais e mais armas e mais depressa para o exército da NATO/Zelensky, desta feita tanques ofensivos, aviões, mísseis, munições; reafirma “o apoio à prestação de ajuda militar à Ucrânia durante o tempo que for necessário; (…) reitera o apelo aos Estados-Membros para que aumentem substancialmente o apoio militar e acelerem a sua disponibilização (…); insta os Estados-Membros, os EUA, o Reino Unido e o Canadá a cumprirem rapidamente a promessa de fornecer tanques de batalha modernos à Ucrânia; (…) solicita que se pondere seriamente a entrega à Ucrânia de aviões de combate, helicópteros e sistemas de mísseis adequados ocidentais, bem como um aumento substancial do fornecimento de munições”. 

Insta também, é claro, com a UE e os governos para manterem “a sua política de sanções contra a Rússia e a Bielorrússia (…); (…) a alargar substancialmente o âmbito das sanções, em particular as que visam a economia e o setor da energia, proibindo as importações de combustíveis fósseis, urânio e diamantes russos” – suscitando a natural interrogação: ah, só agora é que querem proibir a importação de combustíveis fósseis, urânio e diamantes? Com tantas vagas de sanções anteriores: será concebível que tal omissão fosse por interesse?

Mas ninguém pense que o augusto Parlamento Europeu é mera caixa de repetição do que dizem os verdadeiros mestres do “mata? esfola!”, os cabos-de-esquadra do imperialismo, os von der Leyen e Borrells (com algum Costa em nota de beija-pé).

Não, senhor. Desta vez o Parlamento tem ideias originais. 

Insta: ponham cá a censura

No ponto 27 da sua resolução, o “Parlamento Europeu” insta, assim, “a UE e os seus Estados-Membros” a “assegurarem” que “as empresas de radiodifusão e os canais de televisão europeus não prestem serviços a quaisquer canais de televisão russos sancionados nem contribuam para a propagação de conteúdos de desinformação russos”.

Só há, é claro, uma maneira de “a UE e seus Estados-membros” assegurarem que as empresas de televisão e radiodifusão não “contribuam para a propagação de conteúdos”. É os Estados (e a UE!) introduzirem a censura prévia – de boa memória, particularmente neste país.

O “Parlamento Europeu”, exemplo de democracia para inglês ver, defende a “Ucrânia democrática”, “instando” à destruição dos últimos vestígios de democracia em todos os países da Europa “democrática”.

Mas quem votou a favor desta infâmia? Não é surpresa…

Surpreenderá alguém que esta resolução (fácil de consultar aqui), além do natural voto favorável da direita, tenha tido também o do PS, acorrentado a Bruxelas e à NATO?

Decerto que não. Infelizmente, também o comportamento da direcção do Bloco de Esquerda, através dos seus eurodeputados, que votaram a favor de todas as anteriores resoluções “viva a guerra” do PE, já só surpreenderá muito poucos: também votaram a favor da resolução na globalidade. Depois, porém, segundo as actas do PE, corrigiram o seu voto para “abstenção”. Abstenção perante tais infâmias antidemocráticas é, no mínimo, bizarro.
 
Em vão se procura, porém, explicação ou publicidade destas votações e re-votações nas páginas oficiais do Bloco ou nas dos eurodeputados. Não terá importância por aí além?