No dia 28 de Janeiro, em várias cidades, as mulheres e os filhos dos soldados mobilizados manifestaram-se pelo seu regresso.
Tal como na Rússia, não põem em causa a guerra em si, certamente por medo da repressão e porque a propaganda militarista e nacionalista do Estado continua a ser forte. Mas exprimem uma frustração crescente perante uma guerra que só beneficia os oligarcas russos e ucranianos e as grandes potências da NATO.
Em Kiev, 600 mulheres reuniram-se pela “desmobilização“. Em Odessa, a imprensa local noticiou: “Manifestaram-se com uma palavra de ordem: “Tragam o papá para casa!” As mulheres e os filhos dos soldados manifestaram-se em grande número. Pedem às autoridades que os façam rodar, pois alguns estão na frente de batalha há cerca de dois anos“.
Houve também manifestações em cidades mais pequenas, como Ivano-Frankivsk, onde a imprensa noticiou que 40 mulheres e mães de soldados se reuniram, gritando: “Porque é que os voluntários são reduzidos a escravos?” e “A desmobilização não é apenas um direito, é uma necessidade“. Mesmo em Lviv, um bastião dos nacionalistas na Ucrânia ocidental, reuniram-se cerca de 30 mulheres.
Mas para Zelensky, não está em causa a desmobilização de um único homem.
Pelo contrário, o Governo está a tentar aprovar um projeto de lei que torna mais rigorosas as condições de mobilização de 500 mil novos recrutas a enviar para o matadouro, para compensar as perdas colossais. “Estamos em guerra, por isso, ou se trabalha ou se luta“, declarou o presidente, que, no entanto, foi obrigado a reconhecer “excessos” no alistamento forçado de trabalhadores e jovens, apanhados pela polícia militar na rua, na universidade ou à saída das fábricas e enviados à força para a frente de combate.
Para os belicistas dos dois lados, esta rejeição crescente da guerra tem pouca importância.
Salientemos o papel criminoso da União Europeia que, para compensar a quebra nas entregas de armas americanas (bloqueadas pela crise política nos Estados Unidos), acaba de conceder 50 mil milhões de euros para alimentar a guerra para o período 2024-2027, com o apoio unânime dos vinte e sete chefes de Estado. Biliões que os governos vão saquear do orçamento dos serviços públicos.
The Economist (1 de Fevereiro) comenta: “Sem o apoio dos Estados Unidos, caberá à Europa tomar conta da Ucrânia“. Nesta guerra sem fim, o imperialismo americano tem o que quer: os soldados ucranianos estão a lutar em nome dos Estados Unidos para enfraquecer a Rússia; os governos europeus estão a financiar a guerra; são as grandes empresas americanas de armamento e gás liquefeito que estão a embolsar os contratos.