Todos os sábados, na Praça Vermelha em Moscovo, depositam flores na chama do soldado desconhecido e exigem “o regesso dos homens a casa”. “Homens”, quer dizer, os 300.000 homens mobilizados em setembro de 2022 por Putin e enviados para a guerra na Ucrânia.
Maria Andreeva, do movimento informal “Pout’ damoï” (o caminho para casa), conta as tentativas de intimidação: “A polícia veio ter comigo a casa, queriam que a nossa acção fosse cancelada. Eu disse-lhes que a acção se realizaria e pronto. Não me assustaram… o que me assustaria mesmo era encontrar-me sozinha com a minha consciência e perceber que não fiz o que devia ter feito”. O seu marido, de 28 anos, acaba de celebrar o seu segundo aniversário na frente de combate.
No dia 19 de Janeiro, entraram de rompante na sede do comité de campanha de Putin (para a eleição presidencial de Março). O enfrentamento “musculado” com a representante de Putin foi filmado por um telemóvel:
As mulheres: “Que estão os nossos homens a fazer lá?”
A representante de Putin: Defendem a nossa pátria, todos nós e as nossas crianças…”
Uma mulher: “E o que é que eu recebo em troca? Um inválido, um aleijado?”
A representante de Putin: “Porque é que usa palavras tão horríveis sobre o seu marido?”
Os pais também estão a protestar. Nikolai, pai de um jovem que morreu na frente e cujo corpo nunca foi repatriado, foi preso durante doze horas por se manifestar na Praça Vermelha. Declarou: “Perdi o meu miúdo e nenhum destes sacanas se mexe!”
Pior ainda para o regime, a mobilização das mulheres estendeu-se até à República Popular de Donetsk, uma das regiões do Donbass anexadas à Rússia. Depositaram flores no monumento às vítimas do nazismo. Nas fitas que pendiam das flores, escreveram: “Parem de exterminar o vosso próprio povo!”