Dois anos de guerra na Ucrânia: Parar a carnificina!

Em 24 de Fevereiro de 2022, as tropas de Putin invadiram a Ucrânia e o exército russo, atormentado pela corrupção e pela falta de equipamento, confrontado com a hostilidade da população, avançou lentamente.

Em meados de Março, a administração norte-americana anulou as conversações de paz russo-ucranianas sob a égide da Turquia, empurrando o Presidente ucraniano Zelensky para a guerra. Este último, recém eleito em 2019, tinha anunciado a sua intenção de aderir à NATO, uma “linha vermelha” para Putin.

A situação agravou-se de ambos os lados: os governos da NATO entregaram munições, mísseis, tanques e aviões de combate à Ucrânia. Putin retaliou em setembro de 2022, mobilizando 300.000 homens que foram enviados para a frente de batalha sem treino ou equipamento.

A Rússia anexou a região industrial do Donbass, onde ucranianos e russos coexistiram durante séculos. Uma região já devastada por sete anos de guerra (2015-2022) entre o exército ucraniano e as milícias pró-russas.

Apesar das ofensivas e contra-ofensivas, e de algumas batalhas sangrentas, a linha da frente está congelada. Os resultados foram desastrosos. Em agosto de 2023, o New York Times estimava em 500.000 o número de ucranianos e russos, civis e militares, mortos; cidades, aldeias e toda a indústria e agricultura da Ucrânia reduzidas a cinzas.

Na Ucrânia, o regime de Zelensky está a fazer aprovar leis anti-operárias que estão a destruir o Código do Trabalho. O ímpeto patriótico dos primeiros tempos desapareceu com as dificuldades quotidianas, e só restam os oligarcas para dirigir o espetáculo, desviando parte da “ajuda” ocidental em seu próprio benefício. Zelensky exige uma nova mobilização de 500.000 homens.

Na Rússia, Putin decretou uma economia de guerra, impôs uma jornada de doze horas nas fábricas de armamento e aumentou drasticamente o orçamento militar. O Estado policial está a mandar para a prisão milhares de activistas e cidadãos comuns que se opõem à guerra.

Nos Estados Unidos e nos países europeus membros da NATO (entretanto alargada à Suécia e à Finlândia), os governos aumentam os orçamentos militares. A isto junta-se a “ajuda” dada ao exército ucraniano: segundo o secretário de Estado norte-americano Blinken, 75 mil milhões de dólares dos Estados Unidos e 110 mil milhões de dólares dos governos europeus.

O imperialismo americano já é o grande vencedor desta guerra. Os soldados ucranianos estão a lutar pelos interesses de Washington. São os governos europeus que estão a financiar a maior parte do esforço de guerra. A NATO foi consideravelmente reforçada. As sanções contra a Rússia permitiram que o gás natural liquefeito americano conquistasse o mercado europeu.

Traduzido e adaptado de Dominique Ferré, La Tribune des travailleurs, nº428