As cúpulas do Estado de Israel mais divididas do que nunca

Preocupa um editorialista do Times of Israel (23 de Fevereiro) que as eleições municipais que se realizam na próxima semana agravem as tensões e o processo de desintegração da sociedade israelita. Na sua opinião, “Israel precisa de unidade, mas Netanyahu continua a ceder à extrema-direita“. No entanto, “sondagem após sondagem, o Likud (o partido sionista de direita de Netanyahu) está a cair de forma acentuada“. Um sinal, segundo o Times of Israel, de que “uma grande parte da população israelita considera claramente o primeiro-ministro e o seu partido Likud como os principais responsáveis” por não terem conseguido evitar o atentado de 7 de Outubro. O jornalista não esconde a sua preferência por Benny Gantz (um opositor de Netanyahu que se senta com ele no “gabinete de guerra” de Israel), “mais adequado para o cargo de primeiro-ministro“… e mais dócil do que Netanyahu para a administração Biden.

Preocupam o jornalista as consequências que as “constantes capitulações de Netanyahu à extrema-direita” possam ter no Estado de Israel (20% da população são palestinianos, erradamente chamados “árabes israelitas”), em particular a sua aceitação do “pedido do incendiário Itamar Ben Gvir (o ministro da Segurança Nacional, abertamente racista) para negar a sectores inteiros dos cidadãos árabes de Israel” o direito de voto e o direito a rezar no recinto da al-Aqsa durante o Ramadão“. Até o chefe dos serviços secretos internos israelitas, o Shin Bet, avisou que a proibição “pode fazer o jogo do Hamas e aumentar o risco de uma guerra santa“. Ao mesmo tempo, nota o editorialista, na frente militar, o exército israelita “continua a acreditar que está a ganhar a guerra contra o Hamas“. Segundo o editorialista do Times of Israel, é, contudo, exactamente o contrário. Na sua opinião, “milhares de terroristas do Hamas continuam presentes no Norte e centro da Faixa de Gaza“.