EFACEC/FUNDO ABUTRE MUTARES – Começou o processo de destruição concertado com o governo cessante e a União Europeia

[imagem: Abrilabril]

Depois de centenas de “rescisões por mútuo acordo” impostas a numerosos trabalhadores da EFACEC, chegou a hora de o fundo abutre MUTARES passar à fase dos despedimentos colectivos, no processo de redução progressiva da empresa aos “activos” que possa rapidamente revender com lucro.

Anuncia-se, para já, o despedimento colectivo de duas dezenas de trabalhadores, pretextada pela extinção dos respectivos postos de trabalho, justificada, por sua vez, pela saída da empresa das áreas de negócio respectivas. Pelo menos alguns dos trabalhadores visados são trabalhadores a quem fora “proposta” a “rescisão por mútuo acordo” e a recusaram.

Desde o anúncio do negócio com a MUTARES, o movimento “Solidários! Trabalhadores Atacados Não Podem Ficar Isolados”, assim como esta página, têm denunciado o desfecho inevitável que ele prepara. 

Lembremos que, em 21 de Dezembro de 2023, a Direcção Geral da Concorrência da UE “autorizou” a operação de “aquisição” da EFACEC pelo fundo abutre alemão MUTARES. Aquela DG é quem manda no dia-a-dia da economia portuguesa, enquanto a Comissão Europeia governa o orçamento da nação e o Banco Central Europeu a política monetária, salarial e fiscal. O governo português limita-se a executar.

O Estado pagou, na prática, várias centenas de milhões de euros para a MUTARES  ficar com a EFACEC. Bancos e obrigacionistas também tiveram de engolir perdas.

O “investimento” do fundo MUTARES foram 15 milhões. O objectivo confesso do fundo, que se pode ler na sua página web, é manter as empresas que compra durante três a cinco anos, tempo em que as “reestrutura”, e depois revendê-las por 7 a 10 vezes o capital investido ⎼ neste caso praticamente nada.

Recorde-se que a EFACEC, uma vez nacionalizada a parte de Isabel dos Santos, vem sendo progressivamente desmantelada há anos. O accionista Estado, de mãos atadas pelas leis da concorrência da UE, mais não fez do que assistir à perda de mercado da empresa e preparar a sua reprivatização. A sangria de quadros e saber-fazer foi-se agravando.

Nenhum trabalhador deve ter ilusões no que se prepara. Está em causa reduzir uma das empresas de mais elevada componente tecno-industrial do país à expressão mais simples, se não fazê-la desaparecer completamente no sorvedouro do capitalismo internacional de pilhagem.

Na ordem do dia só podem, pois, estar a resistência determinada e solidária de todos os trabalhadores, que depende da sua unidade, em assembleias plenárias e com os seus organismos representativos, comissões de trabalhadores e sindicatos ⎼ e com todos os outros trabalhadores, por todo o país, alvo de medidas e abutres do mesmo tipo, seja na GMG, na TAP, na Groundforce e num cada vez maior por aí fora.