Netanyahu quer a guerra com o Irão

“Os iranianos é que atacaram Israel”, berram em uníssono os governos “ocidentais” (Estados Unidos, União Europeia, etc.) e sua imprensa e “comentadores” de serviço.
“A culpa é do Irão”. É mesmo?
Netanyahu anda a tentar abrir uma segunda frente desde que ar-rancou com o genocídio em Gaza. O objectivo da chefia sionista é conseguir que os Estados Unidos, donde vêm as suas armas e fundos, se juntem abertamente à guerra de Israel.
Netanyahu tem multiplicado provocações contra o Irão e aliados. Bombardeou o Líbano e, em Dezembro e Janeiro, representações diplomáticas iranianas na Síria. A última provocação: em 1 de Abril, aviões israelitas atingiram o consulado iraniano em Damasco, matando 16 pessoas, incluindo vários dignitários militares iranianos.
A Convenção de Viena proíbe alvejar representações diplomáticas. Mas, nem Biden, a União Europeia ou Montenegro/Rangel protestaram. Como seria se o Irão bombardeasse um consulado israelita…?!
O regime dos mulás já deixou claro que não quer confrontação com Israel. No dia 5 de Abril, Mohammad Jamshidi, conselheiro do presidente iraniano, declarou que o Irão “apela aos dirigentes americanos para que não se deixem arrastar para a armadilha que lhes foi preparada por Netanyahu”.
A “cooperação” entre o Irão e os EUA nas costas de Netanyahu não tem sentido único. O Jerusalem Post de 2 de Abril noticiou que o Conselho de Segurança Nacional dos EUA informara a República Islâmica
de que os EUA “não estavam envolvidos” no ataque israelita, do qual “não tinham sido prevenidos”. Subentendia-se que a iniciativa pertencera apenas a Netanyahu. As autoridades iranianas avisaram que retaliariam. Acabaram por disparar 300 mísseis e drones… mais de 99% interceptados por Israel com a ajuda dos exércitos ocidentais e dos regimes árabes.
Como disse um jornalista do Le Monde à France Inter (15 de Abril), “militarmente, os iranianos fizeram tudo o que puderam para (a sua resposta) falhar. Avisaram os americanos, directa ou indirectamente, através dos seus contactos em Omã. Deram mais do que tempo a Isra-el para, com a ajuda dos americanos, abrirem uma espécie de guarda-chuva para interceptar os drones. Queriam passar uma mensagem, não a guerra aberta.
O chefe da diplomacia iraniana não hesitou em convidar os países ocidentais a “apreciarem a contenção do Irão nos últimos meses” (15 de Abril). “Depois desta sequência de ataques frontais“, notou a RFI, “o Irão está a dizer que nos ‘podemos ficar por aqui, esclarecendo Washington Israel que ‘cuidado, nada de querer ir mais longe’.
Tanto mais que, “os iranianos sabem que os americanos não se querem meter em mais uma guerra no Médio Oriente. O que lhes interessa é olhar para a Ásia”… Para bom entendedor: prepararem-se para a guerra com a China.
Quem tenta, então, provocar uma guerra com o Irão?
O jornalista israelita Gideon Levy acusa (Haaretz, 14 de Abril), que, “se o Irão vier a lançar um ataque sério contra Israel, a responsabilidade recairá em quem sancionou os assassínios perpetrados em Damasco”.
Netanyahu e o seu governo genocida.