Após o fracasso da sua provocação contra o Irão, Netanyahu quer o seu ataque a Rafah

Ao aumentar o número de provocações militares contra alvos iranianos, Netanyahu esperava – e continua a esperar – forçar os Estados Unidos a entrarem numa guerra regional que lhe poderia salvar a pele.  Após o bombardeamento israelita do consulado iraniano em Damasco (Síria), a 1 de Abril, “o ataque ao Irão (a 13 e 14 de Abril – nota nossa) foi comedido. Não tinha como objetivo causar danos significativos a Israel (…). Israel tencionava reagir, mas na sexta-feira (19 de Abril), parecia que Israel tinha abandonado a sua tentativa de escalar as tensões com o Irão, muito provavelmente por ter compreendido que os Estados Unidos fariam tudo o que estivesse ao seu alcance para se manterem afastados de uma guerra regional“, escreve o meio de comunicação americano Mondoweiss (19 de Abril).

Netanyahu está num assento ejectável. Ao mesmo tempo que lhe dá um novo presente de milhares de milhões de dólares em armas, a administração americana menciona, pela primeira vez, hipotéticas “sanções” contra uma unidade do exército israelita envolvida em abusos contra palestinianos na Cisjordânia.    Assim, “o gabinete de guerra (composto pelo ministro da Defesa Gallant, Netanyahu e o seu principal “opositor”, Gantz – nota nossa) está a dividir-se sobre a continuação das operações em Gaza” (Le Figaro, 23 de Abril).

Netanyahu enfrenta também a ameaça de um mandado de captura internacional por “crimes de guerra” emitido pelo Tribunal Penal Internacional: “leva muito a sério esta ameaça contra ele (…)” (Les Echos, 23 de Abril). Assim, mais uma vez, é o povo palestiniano que pagará com sangue o preço destas manobras de cúpula. E, em particular, o milhão e meio de palestinianos amontoados, famintos e abandonados em Rafah.  “Parece altamente provável que as notícias de que Israel estava a oferecer aos Estados Unidos uma escolha: ou atacamos o Irão ou invadimos Rafah eram verdadeiras e que os Estados Unidos deram luz verde ao assalto a Rafah (…). A administração Biden nega este facto, mas silenciou os seus repetidos avisos contra uma invasão de Rafah” (Mondoweiss, 19 de Abril).