Em 2023, novo máximo das despesas militares mundiais

Mas Biden ainda lhe põe em cima mais 95 mil milhões!

Novo máximo! Segundo o Stockholm International Peace Research Institute (Sipri, 22 de Abril), as despesas militares mundiais atingiram 2,443 biliões de dólares em 2023: um aumento de 6,8%.

Nunca tais somas foram consagradas aos orçamentos militares. São milhares de milhões roubados aos serviços públicos a benefício das grandes empresas da indústria do armamento (mercado dominado pelas empresas americanas).

Só o orçamento militar dos Estados Unidos orçou em 916 mil milhões de dólares. Na verdade mais de um bilião, se se incluirem as despesas militares exteriores ao orçamento da defesa. E não é que esteja para diminuir em 2024.

Em 21 de Abril, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos votou um pacote de ajuda militar adicional no valor de 95 mil milhões de dólares, que Joe Biden vinha há meses reclamando.

Desde Novembro de 2023 que a votação desta despesa militar suplementar estava bloqueada pela obstrução dos Representantes ligados a Donald Trump. Porém, 48 horas antes da votação, golpe de teatro: Trump declarou que “a defesa  da  Ucrânia  é  importante para  os  Estados  Unidos”,  dando luz verde para que os seu partidários parassem com o bloqueio. Mais uma vez, os superiores interesses da classe capitalista impuseram-se a todos os seus representantes, democratas como republicanos.

O que contém o “pacote” de 95 mil milhões de dólares, que agora aguarda a aprovação do Senado?

⎼ 61 mil milhões de dólares em ajuda militar adicional a Zelensky, que acrescem às centenas de milhares de milhões já afectados pela administração Biden, pela União Europeia e pelos países membros ou aliados da NATO.

⎼ 26 mil milhões de dólares de ajuda a Israel. Quantia considerável, que representa quase oito vezes o que os Estados Unidos pagam todos os anos ao Estado de Israel (cerca de 3.300 milhões de dólares, inscritos no orçamento americano).

⎼ E mais de 8 mil milhões em ajudas a Taiwan e aos preparativos americanos de guerra com a China.

Noventa e cinco mil milhões para alimentar os banhos de sangue em curso em Gaza e na Ucrânia…

95 mil milhões ⎼ enquanto 37,9 milhões de cidadãos americanos vivem abaixo do limiar da pobreza.

As grandes potências da Europa não ficam atrás. Todas aumentaram as suas despesas militares, tal como, aliás, a Rússia de Putin.

E, como nunca é demais, a 16 de Abril a Assembleia Parlamentar do Conselho da Europa (APCE) aprovou por unanimidade uma resolução que apela a que os activos russos congelados na Europa “sejam transferidos para um novo fundo destinado à reconstrução da Ucrânia” (Euractiv, 17 de Abril).

A confiscação dos “activos” dos oligarcas russos não comoverá nenhum trabalhador, seja na Rússia seja fora dela. Ainda por cima sendo, na aparência, por uma boa causa: a “reconstrução” da Ucrânia. Na realidade: tudo mentira! Lord George Faulkes, membro do parlamento britânico, deixou escapar a marosca, ao declarar “necessário gastar mais em armas e assistência militar à Ucrânia, antes de contemplar a questão da reconstrução”. De Washington, Bruxelas, Paris: dinheiro a jorros para a guerra… para gáudio dos accionistas da indústria de armamento.

Traduzido e adaptado de Dominique Ferré, La Tribune des travailleurs, nº 437