As valas comuns de Khan Younis anunciam o banho de sangue em Rafah

Na foto: palestianos juntam-se frente ao hospital de Khan Yunis destruído

A comunidade internacional está preocupada com eventuais crimes de guerra cometidos na faixa de Gaza” (Libération, 24 de Abril). Como diz o ditado, “mais vale tarde do que nunca”.

Há sete meses que Netanyahu anda a matar por Gaza, impune: bombardeamentos, ofensiva terrestre, deslocação forçada de dois milhões de habitantes, bloqueio total, fome e epidemias.

Há sete meses que todos os governos imperialistas ⎼ dos Biden, Scholz, Sunak, Macron, Sánchez, etc. ⎼ continuam a fornecer armas aos assassinos…

E já faz dezassete anos que a “comunidade internacional” aceita o bloqueio total da Faixa de Gaza, com a cumplicidade activa do regime militar egípcio.

Começa, no entanto, a ficar difícil esconder os crimes cometidos em Gaza. Num comunicado de imprensa de 23 de Abril, a ONU refere “informações preocupantes” sobre valas comuns descobertas em Khan Yunis e em Gaza. Valas comuns com dezenas de vítimas, onde “se terão encontrado vítimas palestinianas nuas, de mãos atadas“. Trezentos corpos no hospital Nasser de Khan Yunis, do qual o exército israelita se retirou a 7 de Abril. “Consta que entre as vítimas se encontravam pessoas idosas, mulheres e feridos, enquanto outras terão sido encontradas de mãos atadas e despidas“, referiu o porta-voz do Alto Comissariado para os Direitos Humanos. Outras valas comuns foram descobertas no hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza.

Estes horrores são uma mínima amostra do que seria uma ofensiva israelita contra Rafah, a cidade no Sul da Faixa de Gaza onde se refugiaram um milhão e meio de palestinianos exaustos, sedentos e esfomeados ⎼ ofensiva que Netanyahu anuncia iminente.

Merece, uma vez mais, destaque a absoluta hipocrisia da administração Biden. Por um lado, o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, declarou, a 23 de Abril, que os Estados Unidos consideram que “não há maneira de lançar uma operação em Rafah sem que o resultado sejam danos desproporcionados aos civis (…). Queremos ver as pessoas a poderem sair de Rafah e regressar a casa ⎼ se ainda existir.” Por um lado, esta bela retórica “humanitária”. Por outro lado, a administração dos EUA concede a Israel mais dezassete mil milhões de ajuda militar suplementar.

Bem razão têm as dezenas de milhares de estudantes e professores das cidades universitárias americanas que exigem a suspensão imediata de toda a ajuda militar, económica e diplomática a Israel. Bem razão têm em denunciar o “Genocide Joe” (“Zé Genocida” ⎼ Biden) e o seu Partido Democrático*, que ficarão na história como os patrocinadores do genocídio em Gaza.

* O Partido Democrático é, com o Partido Republicano de Trump, um dos dois partidos da burguesia imperialista dos Estados Unidos.
Traduzido e adaptado de Dominique Ferré, La Tribune des travailleurs, nº 438