Na imagem: protestos em universidades
Manifestações e protestos pró-palestinianos e contra os massacres em Gaza e o fornecimento de armas a Israel estão a espalhar-se pelas universidades dos Estados Unidos e alastram às cidades universitárias (campus) de todo o mundo.
Na Universidade de Columbia (Nova Iorque), onde tudo começou, os estudantes organizaram um acampamento de protesto no campus. A reitora da universidade chamou a polícia, que entrou na universidade e prendeu 106 estudantes. A repressão teve um efeito de bola de neve. Manifestações de massa, debates e acampamentos “Pela Palestina” surgiram em dezenas de universidades em todo o país, um movimento de uma dimensão que não se via desde a guerra do Vietname.
As reitorias foram fortemente pressionadas por Biden para expulsarem estudantes e professores que se atrevessem a participar nos debates democráticos. Porém, as acusações de “anti-semitismo” da comunicação social e da polícia falharam em grande parte, que mais não fosse porque muitos dos participantes afirmam as suas origens judaicas ⎼ difícil pretender que são anti-semitas!
Em várias universidades, estudantes e professores foram suspensos por participarem nestes encontros ou por tomarem posição contra o desvio, pela administração americana, de milhares de milhões de dólares de fundos públicos para enviar armas para Israel. “Suspensos” significa que têm de abandonar a universidade; um conselho disciplinar decidirá depois se são expulsos. Em Columbia, por exemplo, três quartos do corpo docente tomaram uma posição de apoio aos estudantes e fizeram uma declaração pública e uma conferência de imprensa. E os sindicatos dos professores apoiam-nos… No dia 23 de Abril, centenas de professores concentraram-se na cidade universitária com cartazes onde se lia: “Não toquem nos nossos estudantes“; “Fim às suspensões de estudantes já“; “Restauração da autonomia universitária“, etc. A reitoria foi posta no dilema de como, nestas condições, expulsar os estudantes.
Na madrugada de 5ª feira, 2 de Maio, iniciaram-se violentas operações policiais de repressão dos protestos em universidades de todo o país, com recurso, em alguns casos, a balas de borracha, o que demonstra bem a preocupação da classe dominante. Mais de 2000 estudantes foram presos.
No Reino Unido, os estudantes utilizaram um leque variado de tácticas. Houve ocupações de edifícios em universidades como Leeds, Manchester, UCL, Bristol, Goldsmiths e outras. Os estudantes também organizaram “teach-ins”, “teach-outs”, comícios locais e manifestações nacionais em Londres. Na quarta-feira, 1 de Maio, estudantes de cinco universidades de elite do Reino Unido montaram acampamentos pró-palestinianos.
A universidade de elite parisiense Sciences Po (ciências políticas) foi encerrada durante o dia de sexta-feira, 26 de Abril. Um debate entre a direcção do instituto e os estudantes sobre a guerra em Gaza não conseguira aliviar as tensões, levando os manifestantes a ocupar a universidade durante a noite. A polícia entrou na escola antes do meio-dia de sexta-feira, 3 de Maio, para evacuar os activistas pró-Gaza que a ocupavam desde o dia anterior. A renomada faculdade e seus campus continuam a ser o epicentro, em França, de uma mobilização estudantil de apoio aos palestinianos, que inflama o debate político. Esta semana, uma onda de protestos por causa da guerra e dos laços académicos com Israel alastrou por várias escolas.
Na Sorbonne, na segunda-feira, 29 de Abril, cerca de 300 estudantes manifestaram-se em apoio à causa palestiniana. Os manifestantes montaram tendas no pátio e no átrio do edifício, inspirados nas acções dos estudantes da Sciences Po de Paris, antes de serem evacuados.
Protestos semelhantes têm ocorrido nos últimos meses em outros países, por todo o mundo (Canadá, Itália, Espanha, etc.), embora escassamente noticiados pelos grandes órgãos de comunicação.
Os protestos dos estudantes mostram o caminho. É necessário que o movimento de protesto se estenda mais sistematicamente às classes trabalhadoras. Especialmente nos países onde elas, peça fundamental da produção, podem parar a produção de armamento e munições e o seu transporte para Israel.