Um bando organizado de facínoras encarapuçados assaltou há dias a casa em que viviam vários imigrantes argelinos no Porto, agredindo-os barbaramente.
Alguns terão já sido identificados como participantes da pequena manifestação fascista do bando de Mário Machado (“1143”) realizada há algumas semanas na mesma cidade do Porto.
Ainda antes das eleições de 10 de Março, outra manifestação do mesmo bando, equipado com toda a parafernália fascista, incluindo tochas ardentes, decorrera no centro de Lisboa. Fora estritamente enquadrada e defendida da hostilidade da população por um quadrado de polícia armada até aos dentes.
Na periferia da gigantesca manifestação popular do passado dia 25 de Abril, detectaram-se também movimentações de bandos fascistas.
Que significa tudo isto?
As passadas eleições foram marcadas pelo aumento da votação no partido Chega, que funciona como fachada oficial, “parlamentar”, da reacção mais negra deste país. A sua ambição é destruir completamente as conquistas da revolução: SNS, escola pública, direitos e organização sindical e laboral; e desmantelar o movimento operário organizado.
O Chega é, como é do domínio público, financiado pelo grande capital, que o alimenta como “reserva” para o caso de não lhe restar outra solução. No entanto, o aumento da votação no Chega fez-se à custa dos partidos da direita tradicional (que estagnaram) e da mobilização de sectores empobrecidos e desclassificados, que antes protestavam contra o regime que os tem maltratado, abstendo-se.
Porém, os governos que se sucedem limitam-se, com mais ou menos aldrabices, a servirem de correias de transmissão das ordens da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu ⎼ que não passa pela cabeça dos fascistas e afins pôr em causa.
A manifestação do 25 de Abril de 2024, assim como os preparativos de greves e mobilizações de vários sectores da classe trabalhadora desde então, mostram que a maioria de votos ganha pelos partidos da direita nas últimas eleições não tem ainda correspondência na relação de forças entre as classes sociais.
Na rua e nos locais de trabalho, a força mantém-se do lado dos trabalhadores organizados e da juventude progressista.
A escolha do assalto no Porto tem, nesse aspecto, uma finalidade clara: aparecerem como justiceiros aos olhos de alguns sectores da população, ganhando, assim, legitimidade para conquistar a rua.
Assim, os bandos fascistas estão a sondar o terreno, para começar a mudar a relação de forças entre as classes na rua. Sabem que é ela que verdadeiramente conta.
A resposta não está em “chamar a polícia”, aliás fortemente infiltrada pelos bandos. Porém, as proclamações indignadas dos dirigentes dos partidos de esquerda não passam disso.
A resposta está em apelar à auto-organização dos trabalhadores e da juventude, nos locais de trabalho e nos bairros, para se defenderem a si mesmos.
Foi o que se fez a seguir ao 25 de Abril de 1974.