Ucrânia e Rússia: Repressão… e corrupção

Em Moscovo, a exoneração do ministro da Defesa Sergei Shoigu – apesar dos seus laços estreitos com Putin – deu o mote para uma purga na cúpula do exército.

Os generais de topo estão a ser presos e ameaçados com pesadas penas, oficialmente por “corrupção”, por procuradores igualmente corruptos. A anterior purga ocorreu no verão de 2023, para punir oficiais suspeitos de simpatia pela rebelião do exército privado de Wagner. Desta vez, o objetivo é “controlar” o estado-maior, para que possa levar a cabo a ofensiva de verão e a inevitável e impopular nova vaga de mobilização. Estes métodos recordam que o regime dos oligarcas que governa a Rússia desde 1991 tem as suas raízes no aparelho policial do estalinismo.

E na Ucrânia? Em Fevereiro, Zelensky também demitiu o seu “general de ferro” e chefe do estado-maior, Zalujny, e levou a cabo outras purgas. Precisava de mostrar à NATO que era capaz de castigar o estado-maior, responsabilizado pelos reveses na frente de batalha.

E precisava de mostrar, também, que aqueles que beneficiam de dezenas de milhares de milhões de dólares em fornecimentos de armas da NATO têm a “obrigação de produzir resultados”. Não é que houvesse desacordo entre os dois homens: segundo o Washington Post, foi Zalujny quem convenceu Zelensky a mobilizar mais 500 mil ucranianos e a enviá-los para a matança.

Em termos de repressão contra o movimento dos trabalhadores, os dois regimes estão também a demonstrar como é semelhante a sua natureza.

Por exemplo, um tribunal de São Petersburgo (Rússia) prolongou novamente a prisão da jovem comunista Daria Kozyreva, detida no final de fevereiro por ter publicado versos do poeta ucraniano Shevchenko. Atirada para a prisão por simples palavras contra a guerra… como milhares de outras pessoas. E na Ucrânia? O jovem comunista ucraniano Bogdan Sirotyuk foi detido pelos serviços secretos e atirado para uma prisão de alta segurança em Mykolaiv. É acusado de “alta traição” e de “cumplicidade na invasão russa”. Sabe-se que ele sempre denunciou a guerra como “guerra imperialista” de ambos os lados.  Detido em condições deploráveis nas prisões “democráticas” de Zelensky, pode ser condenado a quinze anos de prisão.