Legislativas em França – A Maioria que se Manifestou

(Comunicado do Partido Operário Independente e Democrático)

Neste dia 11 de Junho, manifestou-se uma maioria.

O povo, ao abster-se maioritariamente, ao nível mais elevado da história da Vª República (mais de 51%), disse da sua rejeição de um poder ilegítimo.

Para que serve a Assembleia Nacional sob a Vª República? Para ratificar decisões tomadas pelo Presidente da República, que tem todo o poder concentrado nas suas mãos.

Abstendo-se maioritariamente, o povo — especialmente os trabalhadores e a juventude —recusou-se a dar o seu aval a esta farsa.

Por isso todos os candidatos à eleição presidencial perderam muito do seu eleitorado neste 11 de Junho. A Républiqueen marche perdeu 1,3 milhões dos votos obtidos por Macron a 23 de Abril; a Frente Nacional perdeu quase 4,5 milhões de votos; a direita, quase 3 milhões; a France insoumise perdeu mais de 4,5 milhões de votos, dois terços dos votos obtidos por Mélenchon; o Partido Socialista, 600.000 votos. Todos perderam uma parte significativa de seu eleitorado. Todos eles zurzidos pela rejeição.

No caso da France insoumise, a política de divisão que os seus funcionários levaram a cabo com arrogância desorientou grande parte dos eleitores; sobretudo aqueles que levaram a sério o apelo para acabar com a Vª República e eleger uma Assembleia Constituinte. Como não haviam eles de ficar desorientados quando Mélenchon se propôs “coabitar” com Macron como seu primeiro-ministro? Ou quando ele elogiou os “poderes” da Assembleia Nacional, apresentada — isto na Vª República! — como quadro para a resistência, em vez das greves e manifestações?

E agora? No ponto de vista da democracia, este governo e a maioria esmagadora de que vai dispor na Assembleia Nacional são ilegítimos.

Ora, é este mesmo governo ilegítimo que faz tenções de, nas próximas semanas, atacar o Código do Trabalho, a Segurança Social, as pensões e o diploma do ensino secundário e dar consagração constitucional ao estado de emergência!

Com que direito?

Com este poder, ilegítimo, mas nem por isso menos determinado a pôr em xeque as conquistas operárias e democráticas, não há nada a negociar ou a concertar.

A este governo minoritário que tudo quer destruir, os trabalhadores não têm alternativa senão opor-lhe a frente única sem falhas da classe operária, da juventude e das organizações operárias, determinadas a erguerem-se unidas contra a sua política de devastação.

O Partido Operário Independente Democrática luta pela unidade e pela democracia quaisquer que sejam as circunstâncias. A democracia exige liquidar a Vª República e fazer eleger uma Assembleia Constituinte soberana, que rompa com os ditames da União Europeia.

Partidário da luta de classes, o Partido Operário Independente Democrático tomará e apoiará todas as iniciativas que sejam necessárias para ajudar os trabalhadores a avançarem nesta direção.

Neste período de crise e decomposição política, dirigimo-nos fraternalmente aos militantes e simpatizantes do Partido Socialista, do Partido de Esquerda, da France insoumise, aos sindicalistas. Vamos abrir a discussão: precisamos ou não de um partido classista? É ou não é preciso ajudar à obra de constituição da frente única operária para derrotar os planos do reacção?