Ao fim de mais de dez anos de destruição e privações

NEM MAIS UM “DIFERIMENTO”!

SATISFAÇÃO IMEDIATA DAS REIVINDICAÇÕES!

DESCONGELAMENTO TOTAL E IMEDIATO DAS CARREIRAS!

FIM À CADUCIDADE DA CONTRATAÇÃO COLECTIVA!

Vieram os ministros da educação e da saúde aí dizer que os trabalhadores da saúde e do ensino vão ter que diferir as suas reivindicações por mais uns anos.

Parece que o orçamento de 2018 (e 2019… e 2020) já não dão para mais…

Pelas contas dum estudo do Expresso de 2014, o primeiro salário mínimo, criado em Maio de 1974, em plena revolução (3.300$00) equivale em dinheiro de 2017, a €574.

O salário mínimo de 2017, depois do último aumento do governo para €557 é, portanto, mais baixo que o de 1974!

E o salário mínimo é o que hoje recebem 20% dos trabalhadores portugueses. Ainda há poucos anos, eram só 7% a recebê-lo.

43 anos depois do 25 de Abril, os trabalhadores portugueses têm então salários mais baixos do que os conquistados pelos seus pais e avós há quase meio  século através de uma revolução.

São estes os “grandes benefícios” da adesão à UE?

São também  estes: indústria e banca, primeiro privatizadas, depois destruídas; o campo em ruína e à mercê do fogo; a juventude qualificada, a emigrar em massa; e salários como no tempo da ditadura.

Ah, e lucros milionários para uma ínfima minoria.

Não têm muitos trabalhadores vontade de dizer: impõe-se, é uma nova revolução! E dizê-lo na cara dos senhores ministros que vão ao parlamento  dizer que é preciso diferir as reivindicações porque o orçamento não dá!

E porque é que não dá? Porque Bruxelas não deixa! Porque a única lei que
conta para os sucessivos governos, incluindo este, é a lei de Bruxelas, a lei da troika, a lei da miséria para quem trabalha!

Diferir as reivindicações?! Porque “não dá para tudo”?! Não, basta!

O orçamento dá para pagar 9.000 milhões para servir a dívida, com que os trabalhadores nada têm que ver, 9.000 milhões que saem para Franqueforte, Londres, Paris, para a goela de banqueiros e especuladores.

O orçamento dá para ajudar os EUA e UE a fazerem guerras contra os povos do Médio Oriente e África.

Mas o orçamento não dá para desbloquear as carreiras de funcionários públicos que não só perderam partes (nunca repostas!) dos seus salários durante os anos da troika, como há dez anos não têm aumentos!

Mas o orçamento não dá reduzir o número de doentes por médico e as horas de urgências.

Mas o orçamento não dá para pôr no Serviço Nacional de Saúde os mil milhões de euros que o Conselho Nacional da Saúde do próprio sr. ministro vem a público dizer que faltam, só para o SNS poder funcionar, no estado em que está, sem melhoras!

E parece que a situação também não “dá” para o governo revogar as leis laborais da troika, nomeadamente a “caducidade” dos contratos colectivos, que impedem os trabalhadores do privado de obterem aumentos salariais. Nem “dá” para revogar as leis (da UE) que permitem aos grandes grupos portugueses fugirem com os seus lucros para a Holanda e outros paraísos e, assim, escaparem ao fisco.

E os senhores ministros vêm pedir aos trabalhadores para diferirem as suas reivindicações?! Já se conhece a ladainha: os compromissos externos… a UE… o défice… a Comissão de Bruxelas… o Banco Central Europeu… sempre um mas.

Serão eles, Bruxelas e o Banco Central de Franqueforte que mandam no governo e nos partidos que o apoiam, assim como nos da oposição e no Presidente da República.

Mas não estará na altura de os trabalhadores dizerem que a Comissão, o BCE e o FMI, neles, trabalhadores, não mandam?

Em Grândola, quem mais ordena?