Editorial do nº 17 de Minbar El Oummel (Tribuna dos Trabalhadores), 12 de Maio de 2019
Louisa Hanoune, a secretária-geral do Partido dos Trabalhadores (PT), foi detida temporariamente numa prisão civil de Blida por decisão do tribunal militar. Não se invocou nenhuma razão a justificar a ordem de prisão da dirigente política, que fora convocada pelo tribunal como testemunha ouvida pelo magistrado militar encarregado do caso Said Bouteflika, irmão do ex-presidente, e de dois antigos responsáveis dos serviços de segurança, Toufik e Tartag, presos e acusados de “conspiração contra a autoridade do Estado e a autoridade militar”.
Logo que informado da citação da secretária-geral do PT, antes de sua prisão, o Comité de Organização dos Socialistas Internacionalistas (COSI) deu, logo na quinta-feira, 9 de Maio, às 15 horas, o seu apoio incondicional à dirigente política e ao seu partido contra o assédio de que eram vítimas, ao mesmo título que aos militantes do Partido Socialista dos Trabalhadores (PST), constantemente citados, sem motivo, pelo comissariado de Aokas, e a outros militantes partidários dos direitos humanos. Renovámos essa nossa solidariedade na sexta-feira, 10 de Maio, através de outra declaração, em que o COSI reclamava a libertação de Louisa Hanoune. Nas marchas de sexta-feira, denunciámos esta detenção em todo o lado em que estivemos, apoiando os militantes do PT que elaboraram cartazes a exigir a “libertação de Louisa Hanoune.”
A posição do COSI não é conjuntural. É uma atitude e um método baseados nos princípios em que, tal como a corrente com que nos solidarizamos, se construiu o movimento operário, isto é, o apoio incondicional aos militantes sujeitos à repressão do Estado burguês. Fazemo-lo não apenas por palavras, mas sim investindo-nos concretamente, onde estamos presentes, participando na divulgação e ampliação do protesto. Para sermos eficazes, procuramos sempre a mais ampla unidade, dever elementar a que ninguém pode virar costas. O COSI e os seus militantes integram o “Comité Nacional pela Libertação de Louisa Hanoune” e dão a assinar em todo o lado a petição adoptada pelo comité na sua primeira reunião.
Fazendo-o, nem por isso o COSI susbcreve as orientações políticas do Partido dos Trabalhadores, de que em muitos aspectos discordamos. Temo-lo esclarecido desde que o COSI se fundou, em 8 e 9 de Março, e continuaremos a fazê-lo. Também não escondemos as divergências que temos com a direcção do PT no domínio da luta contra a repressão, mormente quanto à necessidade de ampliar a campanha a todos os militantes do movimento operário e democrático vítimas da repressão, como Hadj Ghermoul, militante pelos direitos humanos, preso desde Janeiro por ter sido o primeiro a recusar “o quinto mandato”. A luta contra a repressão não se divide.
Logo no dia 10 de Maio, o COSI declarou a sua disposição para ocupar o seu lugar na campanha contra a repressão, entendendo necessário que ela se estendesse a outros casos não menos inaceitáveis, realizando a mais ampla unidade das organizações, partidos, sindicatos, personalidades e cidadãos. É a única forma eficaz para tirar da prisão o mais cedo possível Louisa Hanoune e Hadj Ghermoul, deter o braço da repressão e acabar com o assédio a que são sujeitos jovens, estudantes, trabalhadores e militantes.
No momento em que escrevemos, não podemos senão congratular-nos com as numerosas posições nacionais e internacionais de que o PT tem dado conta (com a notável excepção da posição do COSI).
A luta pela unidade não é uma luta conjuntural, nem reservada à luta contra a repressão. É necessária para fazer face à situação atual.
— Não à repressão!
— Satisfação de todas as nossas reivindicações democráticas e sociais!
— Unidade da UGTA, dos sindicalistas livres e da CSA para preparar e organizar a greve geral para acabar com o regime!
— Convocação e eleição da assembleia constituinte soberana!
— Organizemo-nos por toda a parte em comités populares, para tomarmos o nosso destino nas nossas próprias mãos!