A juventude sai à rua contra o racismo e o capitalismo

Em Portugal e no mundo a juventude sai à rua contra o racismo e o capitalismo

No dia 6 de Junho, largos milhares de manifestantes, na grande maioria jovens, percorreram as ruas de Lisboa, gritando palavras de ordem anti-racistas em protesto contra o assassinato de George Floyd em Minneapolis por um polícia branco, mas também contra as muito numerosas manifestações de racismo que, também em Portugal, têm feitas vítimas, algumas mortais. No Porto, eram mais de um milhar, e muitas centenas, ainda, em todas as cidades maiores.

A manifestação foi convocada por várias associações e colectivos com base num manifesto intitulado “Resgatar o Futuro, Não o Lucro”, que se iniciava assim:

A crise do Covid-19 veio expor, mais uma vez, as fragilidades do sistema capitalista. Mostrou que este sistema nos enfraquece colectivamente, nos fragiliza, nos vulnerabiliza e ameaça destruir-nos. Não o faz de forma igual nem à mesma velocidade, acentuando as desigualdades anteriores, com base na falta de rendimento, classe, género, nacionalidade, etnia, orientação sexual. Os maiores custos desta crise são imputados a quem menos pode e, não duvidamos, tenderão a sê-lo ainda mais quando entrarmos numa fase de rescaldo da doença e com a tentativa de fazer “voltar a normalidade.

Em Portugal, como por todo o Mundo, quem sustentou quarentenas, cuidou de doentes, garantiu abastecimentos e logística, foram precárias e trabalhadores dos serviços essenciais, redes de solidariedade e pessoas que cuidam de nós em casa e nas ruas, seja esse trabalho remunerado ou não. O seu trabalho manteve os sistemas alimentares em funcionamento, os hospitais funcionais, o sector social e os transportes públicos activos, os serviços de água e resíduos a trabalhar, os campos colhidos, as casas (próprias e de outrem) e as pessoas cuidadas. O trabalho essencial não é apenas aquele que é legalmente definido. Dependemos destas pessoas, mas uma cortina de fumo tentava escondê-las. Esta cortina já está a ser novamente fechada. 

Os direitos básicos estão ameaçados. Face a uma crise de saúde e de economia, os direitos têm de ser garantidos a toda a população, de forma incondicional. A falta generalizada de rendimentos torna-se a normalidade num sistema que só gere crises com colapsos sociais. Para travá-los:

–  O SNS precisa de ser protegido dos esforços de mercantilização da saúde, com reforços e garantias de capacidade de resposta às necessidades de cuidados e reforço das condições a quem lá trabalha, com a universalidade e a gratuitidade. 

–  As condições para ter comida têm que ser garantidas – sempre – como um direito básico exercido de forma universal, e não como caridade dependente da boa vontade de terceiros.

– Os despejos devem ser impedidos e os edifícios sem uso útil devem passar a prover habitação já e no futuro.

– Urge que todas as famílias tenham acesso a energia e água, numa lógica que enquadre os limites ambientais e a justiça social. 

– Deve haver acesso universal aos meios digitais e a um sistema de ensino público universalmente gratuito que nos prepare para um futuro de riscos e incertezas ainda maiores do que aquele em que vivemos até agora.

– É necessário enfrentar o racismo, o autoritarismo e a violência estrutural sobre pessoas racializadas e pobres.”.

O racismo e, de um modo geral, a especial opressão e repressão das minorias étnicas, sexuais ou outras, é uma expressão da decadência do sistema capitalista, que ameaça efectivamente arrastar toda a humanidade na sua voragem de destruição económica, social e ambiental.

Isso mesmo compreende um sector crescente da juventude portugeusa e do mundo, que nem está disposta a aguentar a destruição do seu futuro nem vai em cantigas de “ecologismos” burgueses ou bem-pensantes.

O que está na ordem do dia é unir a luta da juventude estudantil e trabalhadora ao combate geral da classe trabalhadora contra a exploração, os baixos salários, a precariedade, a austeridade eterna imposta pela UE e pelo FMI, a destruição do ambiente e as guerras imperialistas pelo mundo fora. Essa união é o caminho do futuro!