A Intentona de Trump no Capitólio

Declaração do LCIP dos EUA sobre os acontecimentos em Washington, D.C., do dia 6 de Janeiro de 2021

O Labor and Community for an Independent Party (LCIP — Movimento Trabalhista e Popular por um Partido Independente) condena as acções dos manifestantes de direita que, de bandeiras confederadas em punho, assaltaram violentamente o Capitólio no dia 6 de Janeiro de 2021, respondendo ao apelo do Presidente da República, Donald Trump, a que “reconquistassem o país”. Enquanto o Congresso americano se reunia para certificar a votação do Colégio Eleitoral nas recente eleições presidenciais, os manifestantes atacaram o Capitólio, partiram janelas e entraram à força no edifício com o intuito de ocupar o Capitólio. Nunca na história dos EUA – nem sequer durante a Guerra Civil – fora a bandeira confederada, símbolo do supremacismo branco, do racismo e do esclavagismo, desfraldada, como hoje aconteceu, no Capitólio dos EUA.
As acções dos manifestantes constituíram uma intentona do Presidente da República, de que a polícia do Capitólio foi cúmplice, ao deixar estes manifestantes violentos e armados entrar no recinto do Capitólio, em extremo contraste com a maneira como costuma lidar com manifestantes pacíficos negros, imigrantes, sindicalistas e de outros sectores progressistas. Se fossem gente de cor, não os teriam deixado saltar por cima das barreiras; tê-los-iam alvejado a tiro ali mesmo.
Contudo, independentemente do que andam dizendo os arautos do Partido Democrático, os acontecimentos de hoje representam uma crise interna da classe dominante capitalista e do sistema bipartidário americano, não uma crise da democracia. O Colégio Eleitoral é uma das instituições mais antidemocráticas do país, uma relíquia dos acordos feitos no Congresso Continental nos primeiros tempos da República. O LCIP denuncia os assaltantes do Capitólio, que tentaram subverter um direito fundamental, o direito de voto, sem por isso apoiar minimamente o Colégio Eleitoral nem o sistema bipartidário.
Os tumultos da direita em Washington ocorreram enquanto o Congresso americano estava em sessão para certificar a votação do Colégio Eleitoral, um processo de rotina em eleições presidenciais americanas. No entanto, em 2016, Donald Trump perdeu as eleições para a adversária, Hillary Clinton, por mais de 3 milhões de votos. Hillary Clinton ganhara a votação eleitoral por 48% a 46%. Foi claro que a (massiva) votação popular fora favorável à adversária de Donald Trump, mas este conseguiu 307 votos de grandes eleitores, contra 227 para Hillary Clinton — e é o voto dos grandes eleitores que determina quem ganha as eleições presidenciais nos EUA. Em 2016, o Congresso reuniu-se, nos termos costumeiros e sem interrupções, para certificar a votação do Colégio Eleitoral. Numa eleição supostamente “democrática”, em 2016, o que tivemos foi o Colégio Eleitoral, e não a massa dos eleitores americanos, a decidir, uma vez mais, a presidência!
O LCIP apela à construção de um partido independente dos trabalhadores, enraizado nos sindicatos e nas comunidades oprimidas. O LCIP tem tomado posição clara contra o escamoteamento de eleitores nos EUA e contra todos os intentos de “encontrar” votos ou de fraude eleitoral! O LCIP apoia os apelos de sindicatos e outras organizações de trabalhadores de todo o país à organização de acções pacíficas de massas, incluindo greves, para defender o direito de voto tão duramente conquistado e barrar os repetidos intentos de desautorização do voto do povo nas recentes eleições presidenciais americanas. Nos termos desta posição, o LCIP apela a protestos pacíficos de massas em toda a parte em oposição a todo e qualquer intentona e para proteger os sufrágios da massa dos eleitores americanos, contados, recontados e certificados pelas comissões eleitorais de cada Estado.
A acção independente e massiva da classe trabalhadora é mais necessária do que nunca para resistir aos novos surtos de violência reaccionária contra o direito de voto. Todos os responsáveis pelas agressões fascistas de hoje têm de ser chamados à responsabilidade, mormente Donald Trump.

6 de Janeiro de 2021