Um dos principais obreiros da conspiração de jovens militares que derrubou o regime de Salazar / Caetano em 25 de Abril de 1974, morreu hoje, 25 de Julho de 2021.
Otelo, como os seus conjurados, não tinha mais intenção do que derrubar a ditadura, acabar com a guerra colonial e criar um regime mais democrático.
Por essa intenção arriscou, mais do que todos, a carreira e a vida.
Quando viu que do movimento militar jorrava uma revolução popular, operária e camponesa, dos soldados, marinheiros e do povo em geral contra o capitalismo opressor, reagiu da maneira que todos os que o conheciam lhe atribuíam: intuitiva e espontaneamente.
Dirigira um golpe de Estado. À revolução a que este deu asas, aderiu.
Tudo o que fez daí em diante fê-lo à sua maneira. Intuitiva e espontaneamente.
Procurou aprender e compreender. Nisso, sempre o animou ajudar o lado que escolhera, o lado da revolução, o lado do povo, que era a revolução.
Procurou, também, com resultados muito variáveis, manobrar entre todos os répteis e tubarões que, ao serviço de todos os poderes, os antigos e os mundiais, manobravam com secular ciência para jugular e debelar a revolução.
Enumerar os seus “erros” políticos seria fútil e arrogante.
De Otelo guardará a história a memória de um herói do progresso humano na longa luta contra a reacção.