Noite da primeira volta
Os três factos marcantes da primeira volta das eleições presidenciais são a rejeição de Macron e da sua política; a extensão da abstenção, particularmente entre o eleitorado operário, popular e jovem; e a progressão da extrema-direita. Aquilo a que os meios de comunicação social chamaram o “voto útil” nada mais é do que o resultado da selecção de três candidatos e do esmagamento dos demais por instituições da Vª República cada vez mais bonapartistas.
Não obstante, Macron representa, uma vez mais, uma minoria: quatro em cada cinco eleitores recenseados recusaram-se a dar-lhe o seu voto. Ao absterem-se, uns, e votarem noutros, outros, trabalhadores e jovens manifestaram a sua exigência de ruptura com a política de Macron e dos governos que o precederam.
Tal exigência poderia ter-se traduzido numa votação que qualificasse para a segunda volta um candidato unitário apresentado pelos partidos historicamente ligados ao movimento operário. Não foi assim. É a consequência da divisão. Divisão agravada pela confusão criada por esses mesmos partidos quando, a 19 de Março de 2020, votaram, na Assembleia Nacional, a favor de oferecer 343 mil milhões de euros aos capitalistas, que os usaram para especular e despedir, enquanto hospitais, escolas e serviços públicos eram estrangulados. Confusão ainda piorada quando, em duas ocasiões, nas últimas semanas, esses mesmos partidos votaram, no Parlamento Europeu, pelo aumento vertiginoso das despesas de guerra e pela imposição dos sacrifícios aos trabalhadores.
Nas eleições como nas greves, a divisão impede a classe dos explorados e oprimidos de vencer. Compete aos dirigentes responsáveis por esta divisão assumirem a responsabilidade por uma situação em que quem passa à segunda volta são Macron e Le Pen.
Na noite desta primeira volta, as coisas são claras: nem um só voto de trabalhadores nem de jovens pode ir para Marine Le Pen. Le Pen é a reacção infame, é a divisão entre trabalhadores, imigrantes ou não. Não se pode estabelecer neste país um governo que carregue a sombra sinistra da extrema-direita!
Na noite da primeira volta, alguns dirigentes de “esquerda” não perderam tempo e apelaram a votar Macron, que, disseram, seria um “baluarte da democracia”. Já em 2017 tinham dito a mesma coisa. Graças a isso, Macron pôde, durante cinco anos, infligir golpes brutais contra os trabalhadores, contra os seus direitos e liberdades!
Trabalhadores, é a vossa própria luta de classe, a vossa organização, a vossa luta pelas reivindicações o único baluarte de defesa da democracia. Unidos, com as vossas organizações, são vocês os únicos capazes não só de defender a democracia, mas também de abrir caminho a uma política em consonância com as necessidades da grande maioria, com quem vive do seu trabalho, e não ao serviço de um punhado de exploradores e especuladores. Só vocês podem abrir caminho ao governo da maioria, ao governo do povo trabalhador.
Trabalhadores, militantes, jovens: as maiores batalhas estão à nossa frente. Para defender a democracia, pelo trabalho, pela paz, pela liberdade, pela segurança social, pelas pensões e por todas as conquistas sociais, pela escola, pelos hospitais e por todos os serviços públicos, pelo congelamento dos preços: organizem-se com o Partido Operário Independente Democrático.
Participem nas assembleias convocadas em todo o país pelos comités do POID,
entre as duas voltas, para discutir este comunicado.