Parar a Marcha para a Guerra!

A marcha para a guerra mundial subiu mais um degrau no início deste mês de Agosto.

Referia o New York Times de 10 de Agosto que “a administração Biden comprometeu-se a que os seus navios de guerra continuassem a cruzar o estreito de Taiwan (…), a marinha americana prevê que navios seus o voltem a  atravessar daqui a algumas semanas. Desconsidera-se, assim, a recente declaração da China de que essas águas são suas águas territoriais. Os funcionários (americanos – ndr) esclareceram, no entanto, que não enviariam o porta-aviões Ronald Reagan, baseado no Japão, por considerarem que tal seria demasiado provocatório.

Os dirigentes americanos, tal como citados pelo New York Times, reconhecem, deste modo, que a sua política para a China é “provocatória”. Não “demasiado” provocatória; mas provocatória.

A provocação, por exemplo, da ida a Taiwan, organizada no passado dia 2 de Agosto, da dirigente do Partido Democrático Nancy Pelosi, em visita quase oficial, ao arrepio da que é a posição oficial dos Estados Unidos desde 1979, a saber, que Pequim é “o único governo legal da China”, Taiwan incluído. Note-se que Taiwan sempre foi parte da China. Quando, em 1949, a revolução levou ao poder o Partido Comunista Chinês, as desbaratadas tropas do partido nacionalista burguês Kuomintang fugiram para Taiwan. Apesar do statu quo que se tem mantido desde 1949, a China considera Taiwan parte integrante do seu território.

Quererão, em Washington, empurrar o governo chinês para a confrontação? A administração Biden fê-lo já na Ucrânia. O tratado que assinou em Novembro de 2021 prometeu à Ucrânia a adesão à NATO… sabendo perfeitamente que, para o regime de Putin, essa era a “linha vermelha” a não transpor. Com a sua costumeira brutalidade, Putin respondeu com a guerra mortífera em que se tem estado a atolar, oferecendo de bandeja à NATO o pretexto para uma mobilização financeira e militar como nunca se viu nos últimos trinta anos.

Estas provocações nada têm de descontrolo. Correspondem, sim, à estratégia do imperialismo americano, reafirmada na cimeira da NATO: hoje, escalada contra a Rússia; amanhã, preparar a confrontação com a China.

Para superarem a sua própria crise e manterem a sua posição dominante, os capitalistas dos Estados Unidos consideram, com efeito, que nenhum mercado lhes pode escapar: nem o dos oligarcas da Rússia, nem o mercado chinês, onde a propriedade do Estado ainda domina. Já a indústria do armamento – sector dominado pelos capitalistas americanos e que tem importância fundamental na economia mundial – necessita permanentemente de novos conflitos para escoar estoques e realizar lucros. 

A luta contra a guerra é indissociável da luta contra a exploração capitalista. A classe operária internacional não tem nenhum interesse na marcha para a guerra mundial. Tem, em contrapartida, a capacidade de pará-la, levantando-se contra os governos capitalistas fautores de guerra: nem Biden, nem Putin, nem Macron, nem Scholz, nem Lapid (primeiro-ministro de Israel)!

(Adaptado de Jean Alain, nº352 de La Tribune des Travailleurs, jornal do POID de França)