Escreve o universitário palestiniano Ziad Medukh:
“São as 22h do dia 7 de Agosto de 2022 em Gaza”, (…). “O balanço, para já: 43 mortos palestinianos, quinze deles crianças, três idosos, cinco mulheres. 322 feridos, 250 sortidas em três dias.” (…), “visaram-se dez construções, destruíram-se totalmente dezassete casas, um hospital foi atingido, terrenos agrícolas e bairros populares bombardeados…”, (…). “E assim continua, em plena impunidade! Silêncio, assassinam-se civis em Gaza!”
Esta nova agressão israelita é a mais mortífera desde a de Maio de 2021, que fizera mais de 300 mortos. Desta vez, o Estado de Israel reivindicou um “ataque preventivo”, depois de proceder à detenção de um responsável do Jihad Islâmico. Convém recordar que a faixa de Gaza é um território sobrepovoado, com mais de dois milhões de habitantes, estrangulados há quinze anos pelo bloqueio imposto pelo Estado de Israel com a ajuda do regime militar egípcio, que controla a travessia de Rafah, no Sul, e com a total cumplicidade das grandes potências. Ao horror dos bombardeamentos acresce, na verdade, o horror do bloqueio.
O director do hospital Al-Chifa (em Gaza), onde “minuto a minuto” chegam feridos, lança um grito de alarme: “Precisamos com toda a urgência de abrir as fronteiras para deixar entrar medicamentos e (carburante para a) electricidade.” A única central eléctrica de Gaza foi encerrada no dia 7 de Agosto por carência de combustível, quatro dias depois de Israel ter fechado os seus pontos de passagem para Gaza por “razões de segurança”. À falta de carburante e de electricidade, as salas de operações e ventiladores deixariam completamente de funcionar a partir de 9 de Agosto.
Como é costume, as mesmas grandes potências, com os Estados Unidos à cabeça, que vertem lágrimas de crocodilo pelos bombardeamentos russos na Ucrânia, aprovam esta agressão. Em comunicado de 7 de Agosto, o presidente dos Estados Unidos recordou o seu “inabalável apoio de longa data à segurança de Israel, incluindo ao seu direito a defender-se de ataques. Nestes últimos dias, Israel tem defendido o seu povo contra ataques cegos de rockets lançados pelo grupo terrorista palestiniano Jihad Islâmico.”
Atreve-se Biden a dizer que as quinze crianças assassinadas e as dezenas de outras feridas eram, também elas, “terroristas”? Biden saúda igualmente os regimes árabes reaccionários do Egipto e do Qatar, pelos seus serviços de intermediários para um acordo de “cessar fogo”. Os governos europeus alinharam, como é costume, com os opressores, “condenando os rockets disparados contra território israelita”, sem a mínima reserva quanto aos “ataques preventivos” israelitas.
A causa da democracia, da paz e do direito dos povos a disporem de si mesmos exige o fim imediato da agressão israelita e o levantamento incondicional do embargo a Gaza.