Greve nas Refinarias da Total, França

“O governo está com medo que a coisa alastre. O pessoal tem de se revoltar”

La Tribune des travailleurs nº360, 12 de Outubro de 2022, entrevista a Johann Senay, secretário adjunto do sindicato CGT da plataforma da Total de Harfleur (Normandia)

Podes-nos explicar em que ponto está a greve na plataforma?
Johann Senay: A proposta do patrão da Total é uma roubalheira. Diz que está pronto para negociar se nós pararmos a greve. É pior que chantagem, porque, na realidade, tudo o que ele está a propor é antecipar as negociações anuais obrigatórias (NAO) previstas para 2023. Os colegas estão em greve por um aumento já, dos salários de 2022. O que o patrão está a propor nem sequer é uma negociação das nossas reivindicações. A Total  distribuiu 2.600 milhões em dividendos a mais aos accionistas. Equivale a 300 euros para 35 000 empregados durante doze anos. Nós nem sequer reivindicamos tanto.
O que querem os colegas e o teu sindicato?
J. S.: Nós somos por alargar, por que todos os sindicatos reivindiquem ao governo que faça a indexação dos salários à inflação. Quando eles nos vêm propor 1% de aumento, com 10 % de inflação, isso é o mesmo que baixar os nossos salários 9%. Na Total, ainda é mais claro: com os lucros recorde do ano passado, o patrão não pode dizer que não. E este ano, a empresa vai duplicar, ou mesmo triplicar o recorde do ano passado.
Como vês a continuação?
J. S.: Os assalariados da Exxon têm de fazer a mesma coisa, a Lubrisol tem de fazer a mesma coisa, toda a federação tem de fazer a mesma coisa. É preciso dizer à confederação que já é mais do que tempo para obrigar o governo a impor ao Medef (confederação patronal) a indexação dos salários à inflação. Que a confederação apele à greve geral. Isto em que estamos é luta de classes. O Martinez (secretário-geral da CGT) poucas vezes teve uma janela como esta. Toda a base vê que ele tem uma janela, que estamos metidos numa crise social. A luta de classes nunca saltou tanto à vista. Pode-se levantar um movimento.
Como é a greve no terreno?
J. S.: Hoje tomei a palavra por duas vezes. Não foram das vezes mais complicadas da minha vida. 100 % dos trabalhadores são a favor da continuação do movimento. A Total está sob pressão, pode ser que quebrem rapidamente, pois o governo está com medo que a coisa alastre para todo o lado.
O pessoal tem de se revoltar.