Peru: trabalhadores e camponeses contra o golpe de Estado

Pelo menos 20 mortos e mais de 600 feridos: tal é o balanço da repressão das manifestações operárias e camponesas que se sucedem desde que foi destituído o presidente Pedro Castillo – eleito em junho de 2021 – , que continua detido. A destituição equivaleu a um autêntico golpe de Estado apoiado pela burguesia peruana e pela administração Biden. No dia 18 de Dezembro, o secretário de Estado (ministro dos negócios estrangeiros) americano, Blinken, garantiu à presidente autoproclamada, Dina Boluarte, “o compromisso dos Estados Unidos em trabalharem (com ela) pela realização dos nossos valores e objectivos comuns“. O novo regime foi reconhecido por Boric, o presidente de “esquerda” do Chile, por Lula, futuro presidente do Brasil, e por Fernandez, o presidente “progressista” da Argentina. Em contrapartida, os governos da Venezuela, da Bolívia e do México denunciaram a destituição de Castillo. 

Os trabalhadores e camponeses peruanos sabem, pelo seu lado, que Castillo não cumpriu nenhuma das suas promessas (reforma agrária, Assembleia Constituinte, fim do pagamento da dívida), porque não quis romper com as velhas instituições corruptas da burguesia peruana. Mas também sabem que Boluarte e, atrás dela, a burguesia peruana e o imperialismo americano, significam mais pancada neles. Por isso se mobilizam às centenas de milhar pela dissolução do Congresso (Parlamento), para correr com Boluarte do poder e por uma Assembleia Constituinte soberana que acabe com as instituições corruptas e subordinadas ao imperialismo.

(adaptado do nº 370 de La Tribune des travailleurs, 21 de Dezembro de 2022)