No âmbito da nossa campanha contra a guerra, publicamos estas duas iniciativas anti-guerra, uma em África, a outra na Ásia.

(Boletim do COI nº234)

Apelo a todos os militantes,
exigindo que a guerra imperialista em Moçambique,
motivada pelo lucro, CESSE DE IMEDIATO!
Primeiro o povo, não o lucro!

Desde 5 de Outubro de 2017 que ouvi- mos relatos de recontros entre o exército moçambicano e o Al Shabab em Cabo Delgado – no que muitos têm visto um dos confrontos mais mortíferos na região da SADC(1) desde a guerra civil moçambicana de 1977 a 1992 –, causando migrações maciças da classe trabalhadora de Moçam- bique para outras regiões.

Fautores desta guerra são as empresas multinacionais que capturaram o governo moçambicano. Assim que se descobriu gás natural na província de Cabo Delgado, vários países europeus começaram a explorá-lo, procurando a exploração e o lucro, posto que à custa das vidas da maioria que é a classe trabalhadora de Moçam- bique.

São empresas transacionais como a Total Energies SE francesa, a Exxon Mobil americana e a ENI italiana quem está para lucrar com o conflito que custa as vidas de tantos em Moçambique e de muitos jovens soldados destacados de outros países. Segundo o Standard Bank Mozambique, os enormes projectos de gás natural liquefeito (GNL ou LNG) daquelas empresas têm um valor potencial de 120 mil milhões de dólares americanos, controlando a Total Energies e a ExxonMobil as concessões mais lucrativas.

As multinacionais que operam na con- strução e exploração no sector extractivo nada têm feito por criar emprego. Para os povos da região não há desenvolvimento. A província encontra-se hoje infestada de criminosos e rebeldes que dão cabo das vidas dos pobres. Os grupos rebeldes fizeram da província um campo de batalha que tem desfeito e desmantelado as famílias pobres do povo moçambicano.

Todos os países da Comunidade para o

Desenvolvimento da África Austral – África do Sul, Zimbabwe, Zâmbia, Malawi, Namíbia, Botswana, Tanzânia e Lesotho – têm-se ingerido nesta guerra, seja enviando tropas, seja apoiando outras maneiras de perpetuar a guerra.

Acompanham-nos nisso outros países africanos, como o Ruanda, e potências imperialistas: os EUA (via US Africa Command), a França, a Espanha, Portugal, o Japão e a União Europeia.

Todos os países implicados têm inter- esses idênticos. São interesses de lucro à custa da maioria trabalhadora negra e pobre  de  Moçambique,  especialmente  de Cabo Delgado.

Que seja o povo de Moçambique a decidir!

Nós, abaixo-assinados, militantes de organizações operárias, democráticas e anti-imperialistas de países da SADC e do mundo manifestamos a nossa solidariedade incondicional com o povo de Moçambique e vimos exigir incondicionalmente:

•  Retirada de todas as tropas estrangeiras da província moçambicana de Cabo Delgado!

•  Fim a esta guerra imperialista ao serviço do lucro!

• Retirada das empresas multinacionais (Total  Energies,  Exxon  Mobil,  ENI, etc.): tirem as manápulas dos recursos naturais de Moçambique!

• Nacionalização da indústria da energia moçambicana para as mãos da classe trabalhadora de Moçambique!

•  Fim dos raptos e ataques a civis, essen- cialmente mulheres e crianças, na província de Cabo Delgado!

(1)    Comunidade para o  Desenvolvimento da África Austral.

Signatários

AZÂNIA / ÁFRICA DO SUL: 

Mandla Phangwa (secção azaniana da IVª Internacional – ASFI), Ashraf Jooma (ASFI), Shaheen Khan (Azânia- Potch for Palestine), Scelo Mthembu (ASFI), Azikiwe Plato (ASFI), Lebohang Phanyeko (sindicalista – SAFTU), Shaheed Mohamed (Militant-Azânia),  Bofelo  Mphutlane  (Militant-Azânia),  Christopher  Peter  (Militant-Azânia),  Tatum  Phangwa  (ASFI), Nicholas Tucker (Militant-Azânia), Mbali Ngwenda (Militant-Azânia), Shoez Nsibande (Sociedade dos Anigos de Cuba – SA (Azânia)), Pollen Mafulako (Azânia-SRWP), Unathi Vimbani (Azânia-professor) Frank Julie (Azânia-Cabo Ocidental – es- critor & militante), Sqathulo Diyate (Azânia – Militant), Mathew Lungameni, Mncedisi Dyasso (Azânia-SRWP), Vuyo Lufele (Azânia – militante), Mqapheli Lufele (Azânia – militante), Prof. Vuyo Peach (Black Forum South Africa), Johan Viljoen (Di- rector executivo-Instituto pela paz Denis Hurley), Na’eem Jeenah (Director executivo – Afro-Middle East Centre)

BOTSWANA :

Thambona Jopi (BOPEWU – Botswana)

MALAWI :

Madalitso Njolomole (Sec.Ger. da confederação – Malawi Congress of Trade Unions -MCTU),

NAMÍBIA:

Ian Liebenberg (escritor e professor na universidade da Namíbia), Rinaani Musutua (Economic & Social Justice Trust – Namíbia), Martin Lukato Lukato (presidente do National Democratic Party (NDP) – Namíbia),

SUAZILÂNDIA:

Mduduzi C Gina (Confederação Sindical Trade Union Congress of Swaziland (TUCOSWA)),

ZIMBABWE:

Chuma Samson (Zimbabwe) Mafa Kwanisai Mafa (CORQI-Secção do Zimbabwe (Presidente)), Kudakwashe Shambare (Movimento dos Socialistas Panafricanos de Zimbabwe), Tafirenyika Shoko (Movimento dos Socialistas Panafricanos de Zimbabwe), Mkondo Tungamirayi (União dos Estudantes Panafricanos-Zimbabwe), Nathan Ndlovu (União dos Estudantes Panafricanos-Zimbabwe),  Takudzwanashe  Taringa  (União  dos  Estudantes  Panafricanos-Zimbabwe),  Tinashe  T  Maen- zanise (União dos Estudantes Panafricanos-Zimbabwe), Albert Chimhofu (Confederação da União de Estudantes de Zim- babwe), Tipei Loratta Dube (Conselho de Solidariedade com a Palestina-Zimbabwe), Ntandoyenkosi Ayanda Ndhlovu (Confederação da União de Estudantes de Zimbabwe), Dr Shadreck Matindike (Movimento dos Socialistas Panafricanos de Zimbabwe), Pianos Mugomba (Confederação da União de Estudantes de Zimbabwe), Victor Maride, ZANU PF, Caleb Ku- ranga (Movimento dos Socialistas Panafricanos de Zimbabwe), Fortune Madondo (Forum da Juventude – Zimbabwe), Tapi- wanashe Chikwinho (Movimento dos Socialistas Panafricanos de Zimbabwe), Runesu Gumbo (Confederação da União de Estudantes de Zimbabwe), Memory Rudo Mupandawana (Movimento dos Socialistas Panafricanos de Zimbabwe), Isabel Shumba (Movimento dos Socialistas Panafricanos de Zimbabwe), Tanaka Chipere (União dos Estudantes Panafricanos- Zimbabwe), Lycias Muchatiza (Vice Presidente de Visionary Cadres Association of Zimbabwe – VICAZ).

Apoio, por esta via, o apelo e campanha acima,
exigindo o fim da guerra em Moçambique

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Devolver o formulário a:

blackrepublic1976@gmail.com / ashrafjooma@gmail.com / phangwamandlenkosi@gmail.com

Os trabalhadores, jovens e povos não querem a guerra
Não à escalada bélica!
Apelo de militantes operários das Filipinas, do Japão,
de Taiwan, da China (Hong Kong e China continental),
da Coreia e da Austrália

A cada semana que passa, os povos da região do Mar da China vêem as nuvens que se adensam.

Na Europa, a guerra na Ucrânia entra no seu segundo ano com o seu cortejo de destruição e horror. Os mortos, ucranianos e russos, contam-se por centenas de milhares.

É apenas o início: “A guerra na Ucrânia é só o aquecimento”. “A grande crise está a chegar” na con- frontação com a China. Dito pelo almirante Charles A. Richard, do Comando Estratégico dos Estados Unidos (Straton) em Novembro de 2022.

Todos eles carregam no acelerador!

27 de Janeiro: o general do exército do ar americano Michael Minihan  diz  que  “o  meu  instinto diz-me que em 2025 estaremos a combater” contra a China.

14 de Fevereiro: o secretário- geral da NATO declara que a guerra “pode durar muitos anos”.

São sempre os povos quem sofre nos conflitos sangrentos deflagrados pelos poderosos. Não sabemos o que irá acontecer nas semanas e meses que aí vêm. Mas pôs-se em andamento um mecanismo. Intensi- ficam-se as manobras militares. Multiplicam-se as provocações. É perigoso.

O governo filipino assinou agora um acordo que permite aos soldados americanos aceder a mais quatro bases “nas regiões estratégicas do país”. O secretário americano da defesa, Lloyd Austin, preza o acesso que os Estados Unidos assim ganham a, pelo menos, nove bases militares das Filipinas.

No Japão, as despesas militares vão duplicar entre 2023 e 2027, atingindo 43 biliões de yens (316 mil  milhões  de  dólares).  O  país

equipa-se, pela primeira vez, com armas ofensivas.

A Austrália irá consagrar ao re- forço do aparelho militar um orça- mento de 575 mil milhões de dólares a dez anos.

Em visita à Coreia do Sul, o se- cretário americano da defesa, Lloyd Austin, anunciou manobras aéreas conjuntas. Decorreram agora, no Mar Amarelo, com um bom- bardeiro estratégico americano e caças furtivos. O governo ameaça os sindicatos. O presidente Yoon Suk Yeo, que está a preparar uma reforma contra o Código do Trabal- ho, declarou: “Se normalizarmos os sindicatos que se opõem aos exercí- cios militares Coreia do Sul-Estados Unidos, o nosso mercado de capi- tais desenvolver-se-á, e o valor das empresas aumentará automatica- mente”.

Em todos os nossos países, a marcha para a guerra conjuga-se com ataques violentos contra os direitos dos trabalhadores e contra os sindicatos.

A nossa região pode cair em guerra a qualquer momento.

A dimensão da guerra seria uma catástrofe. Em primeiro lugar para o povo chinês, que não tem nenhuma responsabilidade na situação. E, depois, para todos os povos da região e do mundo.

Fazemos nosso o apelo de militantes e trabalhadores chineses (tanto da China continental como de Hong Kong) que diz: “Seja qual for o seu pretexto, uma guerra contra a China seria uma guerra contra o nosso povo. Representaria mais um passo – infelizmente decisivo – a caminho de uma terceira guerra mundial. Os jovens e os trabalhadores chineses não  querem  a  guerra,  tal  como, disso estamos certos, não a querem os trabalhadores americanos, europeus e japoneses. Os trabalhadores de todo o mundo não são nossos inimigos. São nossos aliados na luta que travamos para nos podermos organizar livremente e construir as nossas organizações independentes. Os trabalhadores chineses e o povo chinês opõem-se à guerra. Aspiram à paz. Enquanto trabalhadores chineses, preocupam- nos igualmente as tensões crescentes na questão de Taiwan e a possibilidade de redundarem numa confrontação militar directa entre o mundo ocidental e a China. Os chineses da China continental e os chineses de Hong Kong não consideram as suas irmãs e irmãos de Taiwan seus inimigos, nem desejam uma confrontação com eles. Compete ao povo chinês e a todas as suas componentes, e só a ele, decidir do seu futuro. Quer isto dizer que nos opomos firmemente a qualquer intervenção, seja ela económica, política ou militar, da parte de potências estrangeiras.Irmãs, irmãos, camaradas de todo o mundo, defendamos a resolução dos conflitos por meios pacíficos. As guerras condenam os trabalhadores e os povos a perder tecto, emprego  e  terra.  Os  povos são capazes de tomar conta de si sem tutela burocrática. Sabei que, pelas suas greves e manifestações, os trabalhadores do nosso país não desistiram de lutar pelos seus direitos, apesar da repressão. No nosso país, como em todo o mundo, só a mobilização dos trabalhadores – organizados livremente – poderá opor-se à marcha para a guerra. A luta, independente de todos os governos, contra a guerra exige a independência do movimento operário.

Os povos e trabalhadores de todo o mundo são contra a guerra. Sabem o que ela significa: ainda mais opressão e exploração.

Unamo-nos contra a guerra e a exploração, para impor a paz e salvar o futuro da humanidade!

China: Workers Tribune on China

Filipinas: Partido Manggagawa

Coreia do Sul: Jeongmin Choi, Yong Seok Lee, Seraphina Cha MK

Apoio, por esta via, este apelo:
“Os trabalhadores, os jovens e os povos não querem a guerra.
Não à escalada bélica!

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