Começou a contra-ofensiva do exército ucraniano, apoiado pela NATO

Traduzido e adaptado de La Tribune des travailleurs nº 394, 14 de Junho de 2023

Para o Washington Post (8 de junho), não há grande margem para dúvida: “A contra-ofensiva do exército ucraniano começou (…). As tropas ucranianas compreendem unidades de ataque especializadas, equipadas com armas ocidentais e treinadas segundo as tácticas da NATO”.

The Economist (7 de junho) diz que a contra-ofensiva está “a ganhar ritmo”. Nomeadamente porque, diz o Financial Times (8 de junho), “a Ucrânia está a pôr no campo de batalha tanques ocidentais”, em especial os potentes tanques Leopard.

Acompanham a contra-ofensiva combates em território russo, na região de Belgorod, onde as hostilidades são levadas por misteriosas “milícias russas anti-Putin, com cerca de 2500 combatentes” (Le Canard enchaîné, 7 de junho).

Esta ofensiva poderá dar azo a uma mudança decisiva na guerra. Como relata The Guardian (7 de junho), o antigo secretário-geral da NATO, Rasmussen, ameaçou “não excluir a possibilidade de a Polónia se envolver ainda mais intensamente, seguida pelos Estados bálticos, talvez com a possibilidade de enviarem tropas para o terreno”. Tropas da NATO na Ucrânia, amanhã na Rússia? Seria mais um passo na escalada que ameaça a humanidade de guerra total.

Em 6 de junho, foram destruídas a barragem e a central hidroelétrica de Kakhovka, no rio Dniepr, entre as linhas russas e ucranianas*. O escritor de origem russa André Markowicz (apoiante de Zelensky e da NATO) descreveu as dramáticas consequências: “Sim, Kherson está inundada. Mas todas as vítimas (ou quase todas) e a destruição mais catastrófica estão na margem esquerda, que é mais baixa e inteiramente ocupada pelos russos (…) Os russos perderam dezenas e dezenas de soldados ao lado da barragem, os primeiros a serem engolidos. Pela população civil, absolutamente nada se fez (…). A situação da água potável é crítica para todos (…), mas o pior ainda está para vir na Crimeia, onde o abastecimento de água depende inteiramente do canal construído desta barragem. (…) Esta catástrofe reverte noutra: se não se encontrar uma solução muito rapidamente, a central nuclear de Zaporijjia deixará de poder ser arrefecida e acabará por explodir.”

Centenas de milhares de ucranianos e russos privados de água potável, uma central nuclear em risco de explosão. É urgente pôr termo a esta guerra: cessar-fogo imediato, retirada de todas as tropas, fim do envio de armas!

* Quanto à barragem, Putin acusa Zelensky, e este devolve a acusação. Exactamente como fizeram quando da sabotagem dos gasodutos germano-russos Nord Stream 1 e 2, a 26 de Setembro de 2022. Nessa matéria, disse o Washington Post do caso Nord Stream: “A CIA fora informado em junho (de 2022) (…) de que uma equipa de seis membros das forças especiais ucranianas se preparava para sabotar o projecto germano-russo de transporte de gás natural.

Enquanto isto, prepara-se a guerra contra a China

Na ordem de trabalhos da cimeira da NATO de 11 e 12 de julho, na Lituânia: a abertura de uma missão da NATO no… Japão!
O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, que acaba de duplicar o seu orçamento militar, quer contribuir para a preparação de uma guerra americana contra a China.
Segundo Le Canard enchaîné (7 de junho), grande número de navios de guerra americanos “será ‘transferido’ para a zona do Indo-Pacífico, onde a China é uma ameaça“.
Melhor dizendo: onde a administração Biden, seguindo os interesses de Wall Street, não pára de ameaçar a China.
Segundo Le Canard, o chefe do Estado-Maior da Marinha francesa, Pierre Vandier, “incitou os seus homólogos europeus (…) a preencherem as lacunas operacionais”. Biden precisa de concentrar a sua frota no Mar da China, Vandier propõe que as marinhas europeias façam de sobressalentes. A explicação: “É entre as marinhas ocidentais que se encontram os mais fervorosos apoiantes da NATO e do seu braço armado, o Comando Integrado, sob a autoridade de oficiais generais americanos“.