Esteban “Sieva” Volkov (1926-2023)

Por Alan Benjamin (militante revolucionário dos EUA)

A 16 de Junho, Esteban “Sieva” Volkov Bronstein, neto de Leon Trotsky e última testemunha do brutal assassinato de Trotsky às mãos dum agente estalinista, morreu na Cidade do México. Tinha 97 anos.

Sieva (diminutivo do seu nome russo, Vsevolod), como era conhecido no movimento, nasceu em 1926 em Moscovo, filho de Zinaida Volkova (uma das duas filhas de Trotsky, com a sua primeira mulher, Alexandra Sokolovskaya) e de Platon Volkov, professor, membro do comité central do sindicato dos professores e membro da Oposição de Esquerda.

O pai de Sieva foi deportado para a Sibéria em 1928 e fuzilado em 1936, dois meses depois do primeiro Julgamento de Moscovo. A mãe, Zinaida, suicidou-se em 1933, quando vivia em Berlim.

Sieva viveu com Leon Sedov (filho de Leon Trotsky) em Paris, até Sedov ser morto por envenenamento, em 16 de fevereiro de 1938, por homens de mão estalinistas que se fizeram passar por médicos.

Sieva chegou ao México no dia 8 de agosto de 1939, aos 13 anos. Em 24 de Maio de 1940, testemunhou a primeira tentativa de assassinato de Trotsky, a que este sobreviveu. Viveu um ano com o avô, até ao assassinato de Trotsky no dia 20 de agosto de 1940.

Sieva assumiu o papel de guardião do legado do seu avô – papel que culminaria na criação do Museu Leon Trotsky em Coyoacán, México. Mas foi também um defensor do marxismo e apoiante, como ele dizia, dos “ideais” de Trotsky.

Numa entrevista que fiz a Sieva em 2012, ele respondeu assim a uma pergunta sobre a pertinência dos princípios políticos do seu avô:

O marxismo é a única visão do mundo que oferece uma alternativa, a única que propõe uma solução a um sistema tão destrutivo, tão obsoleto, um sistema que conduz a humanidade a sofrimentos cada vez maiores, a ponto de praticamente destruir o planeta, ao destruir o seu próprio ambiente. Vimos surgir no passado todo o tipo de novas correntes e processos que não oferecem absolutamente solução nenhuma. Recordemos as últimas palavras do meu avô a Joe Hansen: “Estou certo da vitória da IVª Internacional”. É uma tarefa que ainda temos por cumprir. Neste sentido, devemos procurar as convergências e não as divergências, as uniões e não as divisões, entre os nossos vários grupos que se reclamam da IVª Internacional, para avançar na realização desta tarefa“.

Tive o privilégio de trabalhar em estreita colaboração com Sieva durante quase 50 anos, inicialmente sob a direcção de George Breitman, ajudando a preservar o legado de Trotsky, angariando fundos para manter o Museu aberto. Em numerosas ocasiões, o governo mexicano sofreu pressões intensas para o encerrar. Organizámos digressões de Sieva pelos EUA. Os nossos esforços foram bem sucedidos, e o Museu nunca foi encerrado.

Sieva inspirou gerações de activistas. Sentiremos muito a sua falta.

Sieva, presente!