Jornada de 7 de Outubro no Afeganistão e no mundo

PELO ASILO INCONDICIONAL PARA AS MULHERES AFEGÃS PERSEGUIDAS PELOS TALIBÃS

Respondendo ao apelo do Movimento Espontâneo das Mulheres Afegãs (SMAW), o Comité Internacional para a Defesa das Mulheres Afegãs – co-presidido por Christel Keiser (França) e Rubina Jamil (Paquistão) – apelou à organização de concentrações e piquetes para exigir que os governos da Europa e da América do Norte concedam asilo às mulheres afegãs perseguidas pelo regime talibã; e pela libertação de Neda Parwani e Julia Parsi, recentemente detidas.

Há sessenta e cinco professoras, estudantes, operárias, médicas e donas de casa obrigadas a viver clandestinamente nas “casas de protecção” do SMAW, por o regime sanguinário talibã ter posto as suas cabeças a prémio. Isto por elas terem organizado, desde Outubro de 2021, protestos e manifestações contra a proibição de as mulheres andarem na escola, no liceu, na universidade, no trabalho e em locais públicos. Essas sessenta e cinco continuam, juntamente com milhares de outras, a exigir “pão, ensino e liberdade”. Para essas sessenta e cinco mulheres, o Comité Internacional apela às autoridades das grandes potências para que as retirem do Afeganistão e lhes concedam asilo imediato.

No mesmo dia 7 de Outubro, em muitas cidades do Afeganistão e de vários países do mundo, activistas e militantes de organizações políticas, sindicais e de mulheres, bem como representantes eleitos e personalidades públicas, saíram à rua com uma só exigência: “Asilo incondicional para as mulheres afegãs perseguidas!“

No Afeganistão, o Movimento Espontâneo das Mulheres Afegãs (SMAW) organizou concentrações nas províncias de Badakhshan, Balkh, Farah, Cabul, Kunduz, Laghman, Nangarhar e Takhar no dia 7 de Outubro. Em alguns casos, as mulheres reuniram-se nas “Casas de Protecção” abertas pelo SMAW, onde vivem clandestinamente as mulheres procuradas pelos serviços secretos talibãs. Em Cabul, dois dias antes de 7 de Outubro, os serviços secretos talibãs descobriram o local de concentração previsto e ameaçaram prender todas as participantes. O local foi alterado à última hora, e as participantes reuniram-se simbolicamente de burqa. Na província de Kunduz, as activistas denunciaram, além das medidas contra as mulheres, a discriminação de que são vítimas a minoria hazara e os crentes xiitas. Em várias concentrações, casos das realizadas nas províncias de Takhar e Farah, os participantes apelaram à comunidade internacional para que se recuse a reconhecer o regime talibã e deixe de o financiar a pretexto de ajuda “humanitária”.

Nos Estados Unidos, realizaram-se três concentrações: em Seattle (Estado de Washington), São Francisco (Califórnia) e Nova Iorque. Reunindo activistas, advogados, representantes do Socialist Organizer e do Freedom Socialist Party, bem como do semanário Haïti Liberté, os manifestantes pediram uma audiência ao gabinete de Nancy Pelosi, ex-Presidente da Câmara dos Representantes. No Canadá, houve piquetes e concentrações em Ottawa e Toronto.

No México, divulgaram-se declarações de dirigentes do sindicato da educação, CNTE, do Estado de Chiapas e realizou-se um piquete em Mexicali, na fronteira com os Estados Unidos. Na Martinica, a imprensa local fez-se eco de um piquete de solidariedade.

No Brasil, está em circulação uma carta aberta ao Ministro dos Direitos Humanos do Governo Lula, Silvio Luiz de Almeida, assinada por militantes e eleitos do Partido dos Trabalhadores, do PSOL, do PCdoB, sindicalistas, etc.

No Benim, na localidade de Avrankou, um piquete de artesãs e sindicalistas concentrou-se “em apoio às suas irmãs afegãs perseguidas”.

Na Austrália, a organização Radical Women associou-se à campanha.

No Paquistão, segundo informa Rubina Jamil, secretária-geral da All-Pakistan Trade Union Federation (APTUF) e co-presidente do Comité Internacional, realizou-se uma manifestação em Lahore, bem como concentrações em Karachi e na província de Sindh.

No Bangladeche, militantes do Partido Democrático dos Trabalhadores e sindicalistas concentraram-se em grande número em Daca e em Chittagong.

Em França, houve manifestações e concentrações em Paris e mais 18 cidades

Em Portugal, organizaram-se piquetes de solidariedade em Lisboa com a participação da histórica organização feminista UMAR.

No Estado espanhol, mais de trinta participantes concentraram-se em Bilbau, com o apoio das organizações sindicais CGT, Comisiones Obreras e CNT (Eskerraldea).

Em Berlim (Alemanha), a refugiada afegã e activista do SMAW Jamila interveio numa concentração em frente ao Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Na Bélgica, o deputado Nabil Boukili (Parti du travail) declarou que iria “interpelar o Ministro dos Negócios Estrangeiros, exigindo a concessão de asilo na Europa a todas as mulheres afegãs fugidas dos talibãs”.

Na Noruega, em Oslo, em frente ao edifício do Parlamento, denunciaram-se tentativas do Governo norueguês para “normalizar” as relações com o regime talibã.

Em Itália, dada a manifestação sindical nacional de 7 de Outubro em Roma, realizou-se uma concentração em Turim no dia 10 de Outubro.