BNP: Plenário de trabalhadores

O BNP Paribas, francês, é um dos maiores bancos da Europa e do mundo. Embora não esteja presente em Portugal com balcões de retalho para o público em geral, emprega mais de 8 mil trabalhadores, nomeadamente em trabalho de “back office” para o grupo, explorando as diferenças salariais relativamente a outros países. As condições salariais e de trabalho em muitos casos nem sequer são equivalentes à banca com actividade nacional. “O Trabalho” esteve presente como convidado num plenário de trabalhadores do banco.

No passado dia 17 de Novembro, os trabalhadores do BNP Paribas SA realizaram um plenário de trabalhadores híbrido, presencial/remoto e segundo os turnos. Foi expressão da democracia entre os trabalhadores do banco, como há anos não se via.

A comissão de trabalhadores eleita em junho de 2023 estava determinada a fazer o que está previsto nos estatutos. Reuniu 1300 trabalhadores, entre a manhã e a tarde, num plenário à altura dos tempos modernos. Levou-se em conta o teletrabalho e as novas ferramentas para que ele empurra. Considerando também o formato híbrido do trabalho do banco e a falta de prática de plenários, pôs-se à disposição uma opção de participação e presença digital.

O processo foi trabalhoso, mas coroado de êxito. Conseguiu-se propor uma resolução que foi aprovada no plenário das duas maneiras. A resolução ressoa com reivindicações que, olhando para o acordo colectivo de trabalho dos bancários, podem parecer velhas, mas são novas para a realidade dos trabalhadores do BNP, que não são abrangidos por aqueles acordos.

Os trabalhadores querem uma semana de trabalho de 35 horas, como em França e nos outros bancos em Portugal. Propôs-se um aumento anual de 1000 euros para os salários mais baixos e medidas reais para alterar o custo de vida dos trabalhadores, como o preço das cantinas e a possibilidade de o empregador subsidiar esse benefício.

Exigiu-se um incentivo à mobilidade verde, mas que caísse, na totalidade, fora do salário e não como mera escolha dentro dos planos e benefícios oferecidos pelo banco. Isto, entre outras propostas e reivindicações importantes, já implantadas noutras instituições  bancárias, como tabelas salariais e transparência no reconhecimento do desempenho e bónus. É importante vincar que os plenários são a forma privilegiada de expressão democrática dos trabalhadores, em tempos de trabalho em casa. Não podemos perder de vista estas práticas reivindicativas. É preciso reinventar as ferramentas, para que o poder colectivo se manifeste na força e na expressão colectiva, seja na forma presencial, digital ou ambas.